sexta-feira, setembro 09, 2011

A RODA DA FORTUNA (The Band Wagon)



Enquanto os amigos paulistanos podem se dar ao luxo de ver vários filmes de Vincente Minnelli no cinema numa mostra dedicada ao autor, eu vou fazendo a minha parte aqui, tendo o prazer de rever – dessa vez, com olhos mais generosos e mais abertos – esta maravilha que é A RODA DA FORTUNA (1953). A vontade de rever o filme veio com o documentário SANTIAGO, de João Moreira Salles, quando o momento mais belo é mostrado. Era a cena favorita do mordomo da família do documentarista e não dá para dizer que ele tinha mau gosto, já que se trata de um dos momentos mais mágicos e belos da história do cinema.

A cena em questão é a de "Dancing in the dark", em que Fred Astaire e Cyd Charisse dançam de maneira sublime. Ela, vindo do balé e estreando no cinema; ele, já famoso em Hollywood por dançar com leveza. O resultado é tão belo que é impossível descrever em palavras. É preciso ver para sentir a grandeza da música de Howard Dietz e Arthur Schwartz. Não há letra; apenas a música orquestrada e os corpos que se movimentam com uma tal graciosidade que é como se eles não estivessem no plano físico. E, no entanto, há uma sensualidade nos gestos de Charisse que a aproxima do terreno. Afinal, não tem como não se encantar com suas pernas - as mais belas da história do cinema - e sua elegância. Uma sequência que definitivamente já vale o filme inteiro.

Todavia, A RODA DA FORTUNA ainda conta com outros momentos musicais brilhantes, como Fred Astaire cantando "By myself" no início, seguido do ambicioso número "Shine Your Shoes", que mostra o quão longe quis ir Minnelli para tornar a sua obra grandiosa. Em entrevista contida no documentário HOMENS QUE FIZERAM O CINEMA, presente nos extras, ele afirma que gostava de tratar os musicais como filmes dramáticos. Talvez por isso eles tenham ficado tão bons.

No outro documentário presente no dvd, o que trata especificamente de A RODA DA FORTUNA, é muito bom ver Cyd Charisse ainda bela, apesar da idade. Mesmo assim, não duvido que ela tenha muitas saudades de seu auge e de sua juventude. O documentário só aumenta o entusiasmo do espectador em relação ao filme e principalmente a "Dancing in the dark", descrita por Charisse como a sua música favorita de todos os tempos e também o número musical favorito. Mas o documentário também não deixa de lado a beleza de coreografia e uso de cores e sensualidade que é a sequência do "Girl hunt ballet", no qual Charisse aparece como uma mulher fatal, de vestido vermelho e tudo. Entre outros números memoráveis, claro.

E eu acabei escrevendo apenas sobre os números musicais e não falando nada do enredo. Mas a história é o de menos, ainda que seja bem bonita.

Entre os extras, o dvd duplo da Warner ainda conta com o curta-metragem JACK BUCHANAN COM O GLEE QUARTET (1930), sobre um sujeito que não ensaiou para uma apresentação com um quarteto e que foi visto por mim com gargalhadas. Quem quiser conferir e rir também, ele está disponível no youtube.

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