sábado, setembro 24, 2011
AMARGA ESPERANÇA (They Live by Night)
Este ano comemora-se o centenário de Nicholas Ray. O cineasta não está mais entre nós, mas isso não é motivo para não celebrar a sua obra. Além do mais, é o empurrãozinho que eu precisava para iniciar uma nova peregrinação, conhecer mais a fundo a filmografia de um dos mais importantes e aclamados cineastas de todos os tempos. Até fiz a minha estreia na Amazon com um livro sobre sua obra, "The Films of Nicholas Ray", de Geoff Andrew. Por enquanto tenho gostado do livro, mas demorei bastante para passar da enorme introdução. Cheguei até a esquecer um pouco do filme por causa disso. Mas com os próximos isso não acontecerá.
Chegamos então à estreia de Ray, com o incensado AMARGA ESPERANÇA (1948), baseado no romance de Edward Anderson, o mesmo que serviria de base para RENEGADOS ATÉ A ÚLTIMA RAJADA (1974), de Robert Altman. Por isso, antes de ver o próximo filme de Ray, pretendo ver este de Altman para fazer uma comparação. Com certeza deve ser bem mais sangrento, a julgar pela década e pela geração a que pertencia cada um dos diretores. No caso de Ray, a violência quase nunca é mostrada. Ela é mais sugerida. Nem mesmo as sequências de assalto são mostradas. O que não quer dizer que não existam momentos de grande tensão.
Mas Ray prefere enfocar mais em seus personagens do que na trama, em especial seus heróis perseguidos pela sociedade, o casal Bowie (Farley Granger) e Keechie (Cathy O’Donnell). E há a noite. Não foi à toa que quando escrevia sobre JOHNNY GUITAR (1954) François Truffaut chamou Ray de "o poeta do cair da noite". Pode-se até dizer que a noite seria uma das "personagens" mais importantes do filme. Afinal, tirando alguns poucos momentos que acontecem durante o dia – a sequência inicial com a tomada de cima, é um exemplo -, tudo o mais acontece à noite, que é ao mesmo tempo refúgio para o casal perseguido por crimes, como também perigosa o suficiente para fazer com que eles fiquem ainda mais paranoicos.
Embora já tenha visto outros filmes de Ray - NO SILÊNCIO DA NOITE (1950), JOHNNY GUITAR e JUVENTUDE TRANSVIADA (1955) -, ainda não me sinto suficientemente íntimo de sua obra para falar dos aspectos mais presentes. Inclusive, pretendo rever esses três filmes. Com o tempo, vou tecendo mais considerações a respeito. De todo modo, foi dada a largada.
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