quinta-feira, agosto 04, 2011

THE YAKUZA PAPERS VOL. 3 – PROXY WAR (Jingi Naki Tatakai: Dairi Sensô)



Faz pouco mais de dois anos que eu vi a segunda parte desta série de cinco filmes de Kinji Fukasaku, BATTLES WITHOUT HONOR AND HUMANITY (1973, 1974), lançado em dvd nos Estados Unidos como THE YAKUZA PAPERS. Falha minha ter passado tanto tempo no intervalo entre um filme e outro. Até porque uma série como essa, além de ter uma infinidade de personagens, não se preocupa muito se você está acompanhando a dança de assassinatos e de entradas e saídas de novas famílias de mafiosos, que se agregam e se confrontam como quem troca de roupa.

O primeiro filme, BATTLES WITHOUT HONOR AND HUMANITY (1973) mostra o início do surgimento das primeiras famílias Yakuza, logo após o fim da Segunda Guerra Mundial, focando no personagem de Shozo Hirono, vivido por Bunta Sugawara. O segundo filme, DEADLY FIGHT IN HIROSHIMA (1973) muda um pouco o foco, centrando num personagem menos heróico e mais passional e tímido vivido por Shoji Yamanaka, dando a impressão de fazer parte de outra série, podendo até ser visto separadamente sem prejuízo de compreensão. Bunta Sugawara reaparece como protagonista neste PROXY WAR (1973).

É começo dos anos 1960 e seu personagem, recém-saído da prisão, retorna às atividades e já é uma espécie de chefe. Logo no início do filme, ele cobra o dinheiro de um de seus subordinados, que havia gastado com um aparelho de televisão para a esposa. Como que para comprovar a sua falha ao seu chefe, ele corta a própria mão como forma de autopunição. Foi o momento mais forte do filme pra mim, em termos de violência, embora a cena do corte da mão não seja mostrada explicitamente. Anos depois, outro cineasta, Takashi Miike, mostraria algo muito pior em ICHI, O ASSASSINO, com um sujeito cortando um pedaço da própria língua na frente de seu chefe. Essa cena, sim, me deixou bastante perturbado.

Em THE YAKUZA PAPERS, os chefes, em geral, são covardes e chorões. Daí que homens fortes como Hirono, o personagem de Sugawara, entram com disposição e ousadia para enfrentá-los, baseado naquilo que acreditam. Hirono não é necessariamente um herói, mas é o mais próximo do que se pode chegar num filme como esse, pois ele tem um código de honra que os demais não têm. No mais, o maior problema do filme é mesmo o fato de ser ainda mais confuso que os anteriores, já que as intrigas entre as diversas famílias Yakuza de várias cidades do Japão são passadas muito rapidamente e a maioria dos personagens secundários sai de cena tão rápido quanto aparecem, em geral, através de tiroteios à luz do dia. Isso tira um pouco a vontade de acompanhar com interesse a série, de tão perdido que se fica. Mas faltam só dois para acabar e eu chego lá. Só não quero levar novamente dois anos para ver o próximo.

Agradecimentos ao amigo Renato Doho pela cópia.

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