terça-feira, maio 31, 2011
TRÁGICA OBSESSÃO (Obsession)
Incentivado pelos tops que o Sergio Alpendre anda postando em seu blog, lá fui eu preencher essa lacuna enorme, que era o fato de nunca ter visto TRÁGICA OBSESSÃO (1976), o primeiro grande filme, possivelmente a primeira obra-prima, de um dos cineastas mais geniais da atualidade, Brian De Palma. O diretor faz parte dessa geração de pós-modernos que recriam suas obras a partir de obras alheias, mas com características próprias e autorais. E escolher Alfred Hitchcock como seu ponto de apoio não deixa de ser uma ousadia. Outros tantos já tentaram emular Hitchcock, mas nunca com tanto brilho e com tantos elementos claramente e propositalmente em comum.
Assim, TRÁGICA OBSESSÃO está para UM CORPO QUE CAI, assim como VESTIDA PARA MATAR (1980) está para PSICOSE. Ambos são releituras feitas com vigor e um toque de genialidade. Em TRÁGICA OBSESSÃO, temos a história de um homem rico, Michael (Cliff Robertson), cuja esposa, Elizabeth (Genevieve Bujold), e filha são sequestradas, depois de uma festa em sua casa. Os bandidos pedem uma grande quantia, ele chama a polícia, que sugere entregar uma mala com dinheiro falso e um interceptador para pegar os sequestradores. Acuados, os bandidos fogem levando as reféns e as consequências em seguida da ação são trágicas. Passados 16 anos, o homem encontra numa igreja na Itália uma mulher espantosamente idêntica à sua esposa e é aí onde entra a semelhança e o ponto mais importante de encontro de TRÁGICA OBSESSÃO com a obra-prima de Hitchcock.
Com movimentos de câmera que já mostravam seu virtuosismo, De Palma faz a diferença, mesmo que para isso tenha que usar de alguns excessos formais e de doses de inverossimilhança e ironia. Tudo isso é reforçado pelo músico favorito e mais famoso dos filmes de Hitchcock, Bernard Hermann, que casa a trilha sonora com a trama como se fosse uma ópera, uma tragédia moderna, que mexe com os nossos corações com força. O que dizer da sequência dos sequestradores invadindo a casa do protagonista? Impressionante e aterrorizante. Há também algo de REBECCA, A MULHER INESQUECÍVEL no filme, quando a "sósia" de Elizabeth adentra a casa e vê os quadros da ex-esposa de Michael. Com o auxílio de Paul Schrader na condução do roteiro, De Palma faz um de seus mais belos e mais intensos trabalhos. E pensar que eu levei tanto tempo para conferir essa maravilha.
Brian De Palma anda meio parado desde GUERRA SEM CORTES (2007), mas parece que o seu próximo projeto, PASSION, remake do francês CRIME D'AMOUR, de Alain Corneau, vai enfim se materializar.
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