terça-feira, maio 24, 2011
DEIXE-ME ENTRAR (Let me in)
Essa mania de Hollywood insistir em mais e mais remakes já está se tornando ridícula. Eles nem bem deixam o filme original esfriar e já tratam de fazer uma versão falada em inglês, já que a maioria dos americanos não vê filmes com legendas. Perdem eles e perdemos um pouco nós também, que temos que aturar esses filmes-repeteco, que nada têm para acrescentar. Ao contrário, desrespeitam a obra original, banalizando seu enredo e seus personagens. Foi assim que eu me senti vendo DEIXE-ME ENTRAR (2010), dirigido pelo mesmo Matt Reeves de CLOVERFIELD – MONSTRO (2008).
O original de Tomas Alfredson, DEIXA ELA ENTRAR (2008), foi aclamado mundialmente como um dos filmes de horror mais belos e bem orquestrados dos últimos anos. Tinha potencial para conquistar grandes bilheterias se fosse bem assessorado, mas ficou restrito ao circuito independente e ainda assim sofrendo o preconceito que os filmes de horror sofrem dentro desse circuito limitado.
Talvez o único destaque da refilmagem de Reeves seja o fato de se passar na década de 1980 e fazer questão de enfatizar isso. Seja nos figurinos, seja na música que toca ao fundo, como "Let’s Dance", de David Bowie, e "Do You Really Want to Hurt me", do Culture Club, para citar as mais conhecidas. O prólogo também adianta um dos momentos-chave do filme, para começar "de verdade" logo em seguida, quando vemos o garotinho vivido por Kodi Smit-McPhee, de A ESTRADA, bricando de malvado em seu quarto, com uma máscara parecida com a de Michael Myers. Ele é uma criança que sofre bullying na escola e sua fantasia secreta é poder revidar. A chegada de uma estranha garota muda sua vida. Chloe Moretz (KICK-ASS - QUEBRANDO TUDO), como a vampirinha, não ficou tão bem no papel. Talvez por parecer muito madura para o garoto; talvez careça de um pouco mais daquela mistura de sedução e inocência que a jovem do filme sueco possuía.
A trama basicamente não foi mexida, mas Reeves diminuiu na quantidade de sangue derramado nas cenas que exigiriam mais força, além de dar para trás na cena mais íntima do casal de garotos. Talvez ele achasse que menos sangue tornaria o filme tão poético quanto o original, quando na verdade uma coisa não tem nada a ver com a outra. DEIXA ELA ENTRAR, de Alfredson, era ao mesmo tempo assustador e poético, sangrento e romântico. O filme sueco extrai poesia de cabeças cortadas afundando na piscina. A refilmagem põe tudo a perder e deixa a gente voltar para a casa com a sensação de não ter visto nada.
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