quinta-feira, fevereiro 24, 2011

LEMMING – INSTINTO ANIMAL (Lemming)



O que mais impressiona em LEMMING - INSTINTO ANIMAL (2005) é a a atmosfera de tensão constante, mesmo em momentos comuns da rotina do casal vivido por Laurent Lucas e Charlotte Gainsbourg. Em certos momentos, o filme lembra A ESTRADA PERDIDA, de David Lynch, e CACHÉ, de Michael Haneke. LEMMING se destaca de CACHÉ por não beber na fonte de Lynch também na trama, mas apenas na atmosfera. E falar da trama do filme de Dominik Moll é provavelmente estragar as várias surpresas que o filme reserva. Tive a sorte de ver o filme sem saber nada a respeito. O que havia lido, ou foi de maneira muito rápida, ou a crítica também evitava falar dos momentos mais surpreendentes.

Mas falemos um pouco do ponto de partida de LEMMING. Na trama, Laurent Lucas é um designer que trabalha com tecnologia. A primeira cena do filme o mostra apresentando uma webcam voadora, que pode ser monitorada por controle remoto e detectar o que o usuário deseja. Sua intenção é vender a invenção a empresas de tecnologia e segurança. Ele tem uma esposa adorável (Charlotte Gainsbourg) e um relacionamento estável e agradável. Um "casal modelo", como outra personagem diria mais adiante.

Dois momentos são os pontos de partida para os eventos bizarros que ocorrerão nos próximos minutos. O primeiro é a chegada para jantar do chefe do designer (André Dussollier, conhecido de quem viu os últimos trabalhos de Alain Resnais) e de sua estraha esposa (Charlotte Rampling). O segundo acontece à noite, depois do jantar nada amistoso, quando o personagem de Lucas levanta-se de madrugada para consertar um problema do entupimento da pia da cozinha. Acaba encontrando um roedor parecido com um hamster num dos tubos. Mais tarde sua esposa descobrirá tratar-se de um lemingue, um roedor só encontrado nos países nórdicos.

Contar mais do que isso seria até um crime. É preciso ver até onde o filme vai e em que ele se transforma para ver o quão admirável ele é. LEMMING é mais um exemplar do brilhante cinema de horror francês, que a cada ano vem se mostrando mais original, empolgante e intrigante. O caso do diretor Dominik Moll é especial. Ele levou cinco anos entre o aclamado HARRY CHEGOU PARA AJUDAR (2000, que eu ainda não vi) e LEMMING. E seu mais novo filme, em fase de pós-produção, THE MONK, teve um intervalo de seis anos em relação a LEMMING. Seu primeiro longa-metragem, INTIMITÉ, é de 1994. Ainda que com um intervalo tão grande entre um trabalho e outro, se todos os filmes de Moll forem tão brilhantes quanto LEMMING, estamos diante de um novo e ainda pouco reconhecido mestre do suspense.

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