quinta-feira, setembro 09, 2010

A ESTRELA NUA



A lembrança que eu guardava de A ESTRELA NUA (1984) era da famosa cena do baseado feito dos pêlos pubianos de Carla Camurati. Em minha mente perversa de adolescente, eu queria saborear aquele cigarrinho artesanal, feito sob os efeitos loucos e ébrios da mente da personagem. Apesar das cenas de sexo e nudez (não deixei de reparar que os seios da Carla estão maiores neste filme do que nos anteriores da dupla José Antonio Garcia e Ícaro Martins), este não é dos mais eróticos filmes da "trilogia".

O OLHO MÁGICO DO AMOR (1981) e ONDA NOVA (1983) tinham uma carga erótica muito maior. Já A ESTRELA NUA, é um dos poucos exemplares do cinema brasileiro que flertam com o fantasmagórico, com o sobrenatural. Na trama, Glorinha (Camurati) é convidada a assumir a dublagem de Ângela (Cristina Aché), uma atriz que acabara de se suicidar. A voz das duas são semelhantes e tudo parece perfeito para a finalização do filme. Acontece que Glorinha passa a ser perturbada por visões de Ângela. O filme que está sendo rodado tem uma temática à Nelson Rodrigues, com escândalos familiares, incestos e grandes tragédias.

Glorinha passa a assimilar essa carga trágica e a ver coisas, sem encontrar auxílio dos amigos e tendo que lidar com a difícil vida de mulher separada e com um filho pequeno. Alguns momentos são memoráveis e ao mesmo tempo fáceis de irem para o subconsciente, tendo em vista seu caráter onírico, como a cena de Glorinha na banheira rodeada de velas. Ou quando ela tenta espantar o espírito de Ângela colocando alhos nas frestas da porta.

A ESTRELA NUA, ainda que não alcance uma profundidade maior no aspecto sobrenatural e nem no sensual, é um filme muito gostoso de ver, como eram também os anteriores de Garcia e Martins. Sem dúvida, uma dupla que rendeu três obras totalmente distintas em tom, mas que trazem o prazer de se ver um bom filme. Coisa que poucos conseguem hoje em dia em nosso cinema.

Agradecimentos a Adilson Marcelino pela ótima cópia.

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