sexta-feira, junho 04, 2010
HOT SPOT – UM LUGAR MUITO QUENTE (The Hot Spot)
Na manhã do último sábado, 29 de maio, morreu Dennis Hopper, uma das figuras mais importantes da chamada "nova Hollywood". Seu filme, SEM DESTINO (1969), foi um dos marcos de uma nova era para o cinema americano. Sempre que morre um diretor ou até mesmo um ator ou atriz que eu gosto, procuro prestar um pequeno tributo, assistindo um de seus filmes e comentando aqui no blog. É o mínimo que eu posso fazer, em agradecimento e em respeito ao artista que partiu. Hopper não foi uma figura fácil. Tomou todas, bebeu todas, cheirou todas, bateu nas mulheres, pirou de vez. Por isso, os papéis de louco caiam como uma luva nele. Que o diga o memorável papel do vilão psicótico de VELUDO AZUL, de David Lynch, um dos diretores que mais demonstraram a tristeza da iminente partida do amigo, já sofrendo seus últimos dias de combate contra o câncer de próstata.
Mas eu não quis homenagear aqui o Dennis Hopper intérprete; preferi o Hopper cineasta, ainda que tenha uma filmografia curta de apenas oito títulos, sendo que um deles foi assinado como Alan Smithee - o torto ATRAÍDA PELO PERIGO (1990). Como não consegui uma cópia decente e com legendas do maldito THE LAST MOVIE (1971) e não estava muito disposto a revisitar COLORS – AS CORES DA VIOLÊNCIA (1988), optei por rever HOT SPOT – UM LUGAR MUITO QUENTE (1990). Nota-se que nesse período, Hopper estava ensaiando um bom retorno. Se COLORS foi bem recebido pela crítica, HOT SPOT segue o bom caminho. Não sei se é seu melhor filme, mas com certeza é o mais subestimado.
Hopper segue a cartilha do film noir, com suas loiras fatais, estranhos que chegam na cidade dando uma de gostosão, voice over do protagonista em alguns momentos, elementos de tensão, tentações perigosas, muitas cenas noturnas. Tudo está aqui neste ótimo filme, que ainda conta com a jovem Jennifer Connelly posando de top less e uma Virginia Madsen tão deliciosamente safada num papel perfeito: assim como o protagonista (Don Johnson), sentimos vontade de estrangulá-la e de fazer sexo com ela. Ou as duas coisas juntas. O personagem de Johnson é um cara de personalidade. Um estranho que chega numa cidade pequena e logo arranja emprego de vendedor de carros, com uma lábia que deixa o dono da loja de queixo caído e sem poder recusar o ousado e arrogante sujeito como o seu mais novo vendedor.
A trama do filme vai se costurando de maneira lenta e gradual, enfatizando primeiro a atração do homem pelas duas mulheres: a jovenzinha de 19 anos (Connelly), linda e precisando de alguém para protegê-la de um malandro chantagista; e uma mulher casada e atraente (Madsen), que ainda por cima é esposa do dono da loja de carros em que ele trabalha. (Vale dizer que as cenas de sexo com Madsen estão entre as mais quentes do cinema mainstream de todos os tempos.) Como se não bastasse o tamanho da encrenca, a trama maior ainda estaria por vir, quando Johnson se revela um assaltante estrategista. Mas do tipo por quem a gente torce. HOT SPOT se revelou uma das revisões mais surpreendentes e agradáveis dos últimos anos. Na minha cabeça, o filme não era tão bom quando o vi pela primeira vez em vhs.
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