quinta-feira, abril 22, 2010

APROXIMAÇÃO (Disengagement)























APROXIMAÇÃO (2007) gerou em mim certa estranheza por uma série de motivos. Um deles foi o total desconhecimento dos eventos relativos à dramática retirada dos colonos israelenses da Faixa de Gaza. Ordem do próprio Ariel Sharon. Nada como uma boa pesquisada depois da sessão para dirimir um pouco a minha ignorância. A outra estranheza que o filme provoca provém do comportamento da personagem de Juliette Binoche. Antes de mais nada, a morte do pai parece uma festa para ela. Ela fica feliz da vida depois que o velho morre. Depois, com a visita de seu meio-irmão, ela começa a se insinuar sensualmente para o rapaz. No começo, de maneira um pouco mais sutil, depois de forma bastante explícita - que é uma festa para quem quer apreciar a nudez de Binoche. Mas sabe que esse tipo de estranheza faz muito bem para a saúde do filme e para deixar o espectador intrigado? Pelo menos funcionou bastante comigo.

Além do mais, eu sou fã da Juliette Binoche. Basta ter a sua foto no cartaz de um filme para que eu saque a carteira e compre o ingresso. Sem falar que ela quase sempre tem trabalhado com cineastas de renome, com grandes autores de diversas nacionalidades. Quanto ao cineasta israelense Amos Gitai, conheço muito pouco a sua obra - só havia visto FREE ZONE (2005), do qual gostei bastante. Mas do pouco que conheci já pude entender a sua importância dentro da cinematografia mundial, principalmente em um cinema que pretende discutir questões políticas fundamentais. E ele é esperto o suficiente para trazer um personagem estrangeiro para adentrar conosco um ambiente estranho, no caso a Faixa de Gaza, onde a personagem de Binoche terá que entrar para resolver uma "pendência", sem falar nada de hebraico.

O filme começa com um interessante plano-sequência, onde o irmão da personagem de Binoche, um soldado israelita, tem uma conversa com uma alemã de origem palestina e são abordados pelo segurança do trem, que acha estranho o fato de membros dessas duas etnias conversarem como amigos ou amantes. O prólogo serve para mostrar o quanto é absurda essa inimizade que já dura séculos. O filme é falado em várias línguas: inglês, hebraico, francês, italiano e árabe e vai adotando uma montagem mais recortada a partir do momento que Binoche chega no Oriente Médio.

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