segunda-feira, fevereiro 22, 2010
UM OLHAR DO PARAÍSO (The Lovely Bones)
Quem ou o que é o culpado pela safra tão ruim de filmes produzidos em Hollywood atualmente? Culpemos o espírito da época. Se nem um cineasta que quase sempre acerta como Clint Eastwood foi bem sucedido, não seria Peter Jackson que faria a diferença. Ainda assim, seria interessante saber por que razão Jackson quis dirigir um filme sobre uma menina que é assassinada e fica assistindo o que acontece em nosso plano. Bem a cara de livros espíritas e sem o mesmo impacto de GHOST - DO OUTRO LADO DA VIDA. O problema é que Jackson quis tornar o limbo no qual a garotinha fica depois de morta numa espécie de paraíso colorido, parecido com o mostrado em AMOR ALÉM DA VIDA, de Vincent Ward. Aí ficou aquela coisa brega. Ainda mais com aquela música meio new age para dar um clima "angelical" à coisa.
Tem também o problema da indefinição de gêneros, que eu nem vejo como algo tão grave e que pode torna algumas obras até mais interessantes, mas que não funciona de jeito nenhum em UM OLHAR NO PARAÍSO (2009). E isso eu já havia percebido desde o trailer, que está sendo veiculado de forma insistente nos cinemas, o que já cria uma antipatia para o espectador que costuma ir com mais frequência ao cinema. No trailer, já se nota a mudança do registro "melodrama espírita" para o de "filme de suspense" ao mostrarem a sequência da irmã da menina assassinada invadindo a casa do assassino à procura de evidências.
Porém, nem tudo são espinhos em UM OLHAR NO PARAÍSO. É possível encontrar aspectos positivos no filme. Nota-se que é um trabalho de um cineasta talentoso e com domínio da técnica. Algumas tomadas lembram alguns dos melhores momentos dos filmes da saga O SENHOR DOS ANÉIS (2001-2003), com closes em destaque, imagens como numa moldura e grandes objetos mostrados em primeiro plano. Há também uma boa reconstituição de época (anos 1970), mas isso é mais do que obrigação para um diretor como Peter Jackson numa produção classe A.
E quando o filme naufraga, acaba levando junto seus intérpretes, por melhores que eles sejam. Caso de Susan Sarandon, no papel da avó beberrona, ou de Mark Wahlberg, como o pai obcecado por pegar o assassino da filha. O mesmo valendo para Stanley Tucci, no papel do serial killer. Nem parece que estamos diante de um filme do mesmo diretor de ALMAS GÊMEAS (1994), que acertava tanto na construção dos personagens quanto na reconstituição de uma tragédia brutal. Talvez Jackson tenha ficado careta ou simplesmente tenha percebido que pisou na bola quando já estava no meio da filmagem. De uma forma ou de outra, não dá mais para voltar atrás e temos que aguentar mais de duas horas de um filme que, quando não incomoda por suas "qualidades", causa sono e desinteresse.
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