quarta-feira, dezembro 30, 2009

CIDADE TENEBROSA (Crime Wave)






















"Por quanto tempo alguém tem que pagar por um erro, por um passo em falso que deu na vida? Quando ficará quite? Não há anistia num film noir. Você simplesmente continua pagando pelos seus pecados."
André De Toth


Martin Scorsese, em seu documentário sobre o cinema americano, dividiu alguns cineastas em três categorias: os ilusionistas, os contrabandistas e os iconoclastas. O húngaro André De Toth se enquadra na categoria de contrabandista, isto é, está naquele grupo de cineastas que trabalhava com mais liberdade e inventividade dentro de produções modestas, podendo expressar algo que numa produção classe A não seria possível. Os contrabandistas seriam aqueles cineastas que se aproveitavam da brecha do sistema, trapaceavam e escapavam impunes. O filme de De Toth citado no documentário é este CIDADE TENEBROSA (1954), fruto desse período fascinante da cinematografia americana, o ciclo do film noir.

Em CIDADE TENEBROSA, temos a história de um homem que está em liberdade condicional e é acusado de fazer parte do assalto a uma loja de conveniência e do assassinato de um policial. O filme começa já com o tal assalto, que é mostrado com um realismo e uma violência brutal. Entre os assaltantes, um rosto bastante conhecido e expressivo aparece: o de Charles Bronson, na época, ainda utilizando o sobrenome Buchinsky. Os dois elementos principais do filme, no entanto, são o personagem de Gene Nelson, o sujeito que está na mira da polícia mesmo sendo inocente, e o delegado, representado por Sterling Hayden. As coisas se complicam para Nelson quando um dos assaltantes, ferido, devido à troca de tiros com o policial, vai parar em seu apartamento.

O filme mantém um clima de tensão do início ao fim e sua curta duração faz dele um thriller eletrizante e compacto. Como espectadores, seguimos os passos do ex-presidiário em sua angustiante tentativa de se manter na linha e de escapar da investida dos bandidos, principalmente para proteger a esposa. Sua curta duração e de como tudo se resolve tão bem nesse espaço de tempo torna o trabalho de De Toth ainda mais admirável. E o final é maravilhoso. Dentro das limitações, o cineasta usou locações nas ruas de Los Angeles e câmera na mão em algumas cenas, ajudando a passar a atmosfera cruel e brutal do tema.

Amanhã, se o blogger (que anda bem instável ultimamente), o tempo e as circunstâncias permitirem, fecharei 2009 com o tradicional balanço do ano, com destaque para os favoritos.

Agradecimentos a Renato Doho pela cópia dessa pérola.

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