segunda-feira, novembro 30, 2009
A TRILHA (A Perfect Getaway)
Já existe uma boa tradição no cinema de enganar o espectador através da trama. Os exemplos mais lembrados hoje em dia são os de dois filmes de horror mais ou menos recentes: O SEXTO SENTIDO, de M. Night Shyamalan, e OS OUTROS, de Alejandro Amenábar. Mas não foram estes dois filmes que me vieram à mente ao final de A TRILHA (2009). E sim um pouco badalado trabalho de Alfred Hitchcock chamado PAVOR NOS BASTIDORES, onde o público se revoltou pois havia ali um flashback falso. Não chega a ser exatamente o caso de A TRILHA e o fato de eu estar falando isso logo nas primeiras linhas já é um indicativo de que o texto pode conter spoilers. Até porque o âmago do filme está justamente neste pequeno e importante detalhe, a revelação final.
Independente de seu final, que ainda não sei se está sendo bem aceito pela audiência, mas que definitivamente pode conter alguns furos, um dos maiores méritos de A TRILHA é passar para o espectador o clima de paranoia. Que se instaura desde o momento em que o casal de turistas vivido por Steve Zahn e Milla Jovovich hesita em oferecer carona a um casal. Antes disso, vemos um jornal no chão informando que há um assassino à solta, que já fez vítimas de um casal de turistas no lugar, uma das paradisíacas ilhas do arquipélago do Havaí. Aliás, esse é mais um dos chamarizes do filme: poder ver aquelas paisagens lindas na telona. É mais um truque para desviar a atenção do espectador, que vai ficar na dúvida sobre quem é o casal de assassinos. Os mais prováveis suspeitos são Nick (Timothy Olyphant, o vilão de DURO DE MATAR 4.0) e Gina (Kiele Sanchez, a moça que "foi pro saco" junto com Rodrigo Santoro na terceira temporada de LOST).
A TRILHA também brinca com a própria estrutura dos filmes de suspense e terror, quando adiciona o fato de o personagem de Steve Zahn ser supostamente um roteirista de Hollywood. Há também uma discussão em torno das chamadas pistas falsas. Que em A TRILHA não poderiam faltar. Difícil vai ser é convencer a audiência do final. Que de certa forma pode até ser interessante, levando em consideração que o filme se voltaria contra o próprio espectador, que fica o tempo inteiro vendo tudo pelo ponto de vista do casal Zahn/Jovovich. Mas diferente de um O SEXTO SENTIDO, duvido muito que A TRILHA consiga se segurar numa revisão, sem que seus furos fiquem todos à mostra. O filme foi escrito e dirigido por David Twohy, o homem por trás do horrível A BATALHA DE RIDDICK (2004).
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