quinta-feira, novembro 19, 2009
GUERRA AO TERROR (The Hurt Locker)
Que GUERRA AO TERROR (2008) é um dos melhores filmes de guerra dos últimos anos e o melhor filme sobre a Guerra do Iraque já produzido, disso não resta dúvida. Mas não seria exagero dizer que o trabalho de Kathryn Bigelow é um dos melhores filmes de guerra de todos os tempos. É impressionante o grau de tensão que a diretora consegue imprimir em sua obra, fazendo com que a gente se sinta nos sapatos daqueles homens em situação de perigo extremo. E o perigo se confirma logo no surpreendente prólogo, onde vemos um grupo de soldados do exército americano tentando desarmar uma bomba com a ajuda de um robozinho teleguiado. Acontece que de vez em quando o robozinho não dá conta do serviço, ficando enganchado em alguma pedra e nessas horas alguém precisa ir lá pessoalmente. E vemos que a desconfortável vestimenta protetora nem sempre consegue salvar a pessoa do impacto de uma bomba.
O grande diferencial de GUERRA AO TERROR dos demais filmes abordando a guerra está no fato de que Bigelow a vê como uma droga. Não uma droga no sentido de que é ruim, mas na capacidade de viciar. Nesse sentido, o drama de guerra de Bigelow encontra paralelo com CAÇADORES DE EMOÇÃO (1991), outro trabalho seu que também abordava a busca por adrenalina como razão de viver. No caso de GUERRA AO TERROR, isso se torna incrivelmente doentio. Os homens se transformam em máquinas de guerra e gostam disso. A performance de Jeremy Renner como o sargento William James é impressionante. Ele é o sujeito enviado para substituir um militar morto em ação.
O filme também explora a disputa de métodos e de egos entre James e o outro sargento, vivido por Anthony Mackie. Em certo momento do filme, procurando por uma bomba dentro de um carro, ele se recusa a obedecer as ordens de seu líder, disposto a encontrar a bomba e desativá-la, custe o que custar. E essa é apenas uma dentre as várias sequências de tirar o fôlego que o filme apresenta. Quando se pensa que já foi mostrada a situação-limite, aparece outra, tão ou mais forte que a anterior. GUERRA AO TERROR ainda tem a vantagem de não ser um "filme-denúncia" e, portanto, sem prazo de validade.
Curiosamente, os nomes mais conhecidos do elenco aparecem em papéis pequenos. Além de Guy Pearce, vemos também Ralph Fiennes, David Morse e Evangeline Lilly (linda). Fiennes e Lilly foram duas surpresas para mim. Não esperava vê-los no filme. GUERRA AO TERROR foi filmado na Jordânia e as filmagens não foram exatamente tranquilas, havendo variados problemas, como o fato de um ônibus cheio de refugiados iraquianos ter virado; Jeremy Renner ter torcido o tornozelo durante uma cena; uma onda de calor de torrar os miolos ter surgido logo na primeira semana de filmagens; além de outros problemas envolvendo a atual política de segurança dos Estados Unidos e dos países do Oriente Médio.
GUERRA AO TERROR saiu direto em dvd no Brasil pela Imagem, que deve estar arrependida de não ter lançado nos cinemas, agora que o filme aparece como um dos mais cotados para o Oscar 2010.
Nenhum comentário:
Postar um comentário