terça-feira, outubro 20, 2009

TE AMAREI PARA SEMPRE (The Time Traveler's Wife)



Filmes que abordam viagens no tempo sempre são do meu interesse. Existe algo de muito fascinante nisso, que tem sido abordado das mais diferentes maneiras pelo cinema e pela literatura. O que parece uma novidade nesse filão são os filmes românticos, como foi o caso recentemente de A CASA DO LAGO, de Alejandro Agresti, que por sua vez já era uma refilmagem de uma produção sul-coreana. No filme, a comunicação temporal não se dava através de nenhuma máquina do tempo e isso, somado à delicada direção de Agresti, resultou em algo belo e poético. TE AMAREI PARA SEMPRE (2009) é o mais novo exemplar dessa safra. Não se deve esperar nada tão bom quanto A CASA DO LAGO, mas isso não quer dizer que o trabalho do alemão Robert Schwentke não mereça a devida atenção dos espectadores. O diretor é mais famoso pelo elegante thriller PLANO DE VÔO (2005), com Jodie Foster.

O que é sempre uma pedra no sapato dos roteiristas de filmes sobre viagens no tempo é a possibilidade de furos na trama. Elas são grandes. E talvez por isso uma das regras de TE AMAREI PARA SEMPRE é a de que as viagens temporais do personagem de Eric Bana não teriam o poder de mudar o destino, de impedir, por exemplo, o acidente que tirou a vida de sua mãe. Ainda assim, se pensarmos no quanto o Henry (o personagem de Bana) jovem e o Henry mais velho aparecem e no quanto eles interferem na vida da personagem de Rachel McAdams, talvez essa regra tenha sido transgredida pela própria trama. Mas não sei se vale a pena ficar procurando furos no filme.

Outro dos problemas de TE AMAREI PARA SEMPRE talvez seja a velocidade com que os eventos ocorrem. Se por um lado isso impede que o filme se torne chato e monótono, por outro, passa a impressão de que houve uma montagem muito picotada ou, pior, uma insegurança em lidar com tantos detalhes passíveis de erros. O filme representa o retorno do sumido roteirista Bruce Joel Robin, que em 1990 emplacou dois sucessos: GHOST - DO OUTRO LADO DA VIDA e ALUCINAÇÕES DO PASSADO, até hoje o melhor filme de Adrian Lyne. Ele também tentou uma carreira na direção com MINHA VIDA (1993), que continua no meu top 5 de filmes que mais me fizeram chorar, mas que foi massacrado pela crítica da época.

TE AMAREI PARA SEMPRE é um filme híbrido. Começa com elementos de filme de horror, com a cena do acidente e o primeiro desaparecimento físico de Henry, mas vai abrindo um espaço cada vez maior para o principal: a história de um amor que ultrapassa a barreira do tempo. Clare (McAdams) conhece Henry quando ela era ainda criança. Ele aparece sem roupas por detrás dos arbustos, pedindo a ela um cobertor. Sempre que viaja no tempo, Henry aparece pelado em lugar e tempo indefinido, passado ou futuro, sem ter como controlar. Assim, TE AMAREI PARA SEMPRE seria também um filme sobre a impossibilidade de controle do corpo e do destino. E por mais que se possa encontrar motivos até morais para tirar o brilho do filme, fica difícil não simpatizar com os protagonistas, especialmente a sempre adorável Rachel McAdams. Confesso que saí do cinema um pouco melhor do que quando entrei. E isso eu devo ao filme.

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