quinta-feira, outubro 29, 2009

AQUELE QUERIDO MÊS DE AGOSTO



Queria ser mais um a jogar confete no português AQUELE QUERIDO MÊS DE AGOSTO (2008), de Miguel Gomes, mas infelizmente isso não vai acontecer. Simplesmente não entrei na viagem do filme, não comprei a proposta, não me interessei pelo objeto de estudo do documentário e quando o filme vai aos poucos misturando o registro documentário com uma história de ficção, aí já é tarde demais para me conquistar. Talvez tenha visto o filme num dia não muito bom, talvez o sono tenha prejudicado a apreciação ou talvez o filme tenha me provocado sono, mas como não pretendo vê-lo novamente - pelo menos, não tão cedo, até por sua longa duração -, deixo registradas apenas minhas desapontadoras impressões.

No início, o filme até me trouxe algum interesse, mas talvez o modo como tudo foi filmado, muitas vezes com a câmera à distância, passando uma impressão de certo amadorismo, bem como a repetição da estrutura, da apresentação das diversas bandas dos diversos povoados, tudo isso contribuiu para que, com o tempo, eu fosse me aborrecendo. Até me veio à cabeça o pensamento um tanto preconceituoso de achar que cineasta de país mais pobre gosta de brincar de metalinguagem quando faz filmes. Mas depois achei que pensar assim seria uma baita injustiça, pois Kiarostami é um dos maiores nomes do cinema mundial, não apenas iraniano. O fato é que eu achei pretensioso o projeto de Miguel Gomes. E o problema não é nem ser pretensioso, pois é da pretensão que saem muitas obras-primas. O problema do filme pra mim é ser chato mesmo.

AQUELE QUERIDO MÊS DE AGOSTO brinca com a ficção e o documentário. No começo, há no filme um apelo antropológico, ao mostrar várias tomadas de festas nas zonas rurais. Inclusive, muitas das danças e das canções mostradas lembram a música brasileira - da música sertaneja ao carimbó. Há até uma bonita versão de "Nossa Senhora", do Roberto Carlos. (E nessa hora eu vi o quanto eles devem conhecer de nossa cultura e a gente sabe tão pouco da cultura portuguesa.) Devagarinho, o filme vai mostrando também as pessoas por trás das filmagens e começa a focar num jovem casal, que inicia um relacionamento. A menina tem uma relação um tanto estranha com o pai. Entre uma cochilada e outra devo ter perdido o momento anterior à cena em que uma floresta pega fogo, perto do final. Ou então, o filme usou de elipse. E é melhor eu parar por aqui, pois escrever sobre um filme que você não gostou e que viu com sono é de lascar. Em caso de ataque dos fãs mais ardorosos do filme (são tantos assim?), que conste na ata as condições em que o vi.

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