segunda-feira, setembro 14, 2009
UMA PROVA DE AMOR (My Sister's Keeper)
Uma das maiores virtudes de UMA PROVA DE AMOR (2009) é assumir-se como melodrama sem medo de carregar nas tintas. É com certeza o grande filme pra se chorar do ano. De derramar lágrimas e ainda ficar com o queixo tremendo enquanto ouve o pranto do resto da audiência. O tema por si só é ao mesmo tempo comovente e controverso: uma garotinha de onze anos entra com um processo judicial contra a própria família por não mais querer ser repositora de órgãos para a irmã com câncer. A garotinha, interpretada por Abigail Breslin (PEQUENA MISS SUNSHINE), prestes a doar um rim para a irmã doente, contrata com um advogado bem sucedido (Alec Baldwin) e surpreende seus pais (Cameron Diaz e Jason Patric) com sua atitude. A questão principal levantada pelo filme é: até que ponto é ético trazer uma criança ao mundo com o objetivo principal de salvar a vida de outra, e de uma maneira dolorosa? Mas há muito mais em torno.
Nick Cassavetes acerta não somente na escolha do tema e no carinho com que trata cada um dos personagens, mas também na eficiente estrutura narrativa, que começa mostrando os pontos de vista de diversos personagens. Assim podemos entender um pouco o que cada um pensa da situação. Os flashbacks são incluídos nos momentos certos e quando se acha que o filme não vai evoluir mais, ele mostra outras camadas, como no flashback da garotinha com câncer, que lembra de quando teve a sua primeira experiência amorosa com um rapaz. Ver aquele casal de jovens enfrentando a morte e procurando a felicidade através do amor faz com que nos arrependamos de ter reclamado da vida algum dia.
O filme ainda conta com alguns momentos que parecem grandes videoclipes, feitos com o objetivo de emocionar a plateia e na fronteira com o brega. Mas nem esses momentos me fizeram ver o filme de modo negativo. A estrutura de idas e vindas no tempo e o que é deixado para se contar no final ajudam a trazer sofisticação, equilibrando um pouco a obra. Com o filme, Cassavetes se supera e, se não vai mesmo conquistar o mesmo status que o pai ganhou, pelo menos tem se tornado um bom diretor de melodramas, tendo já no currículo outros dois bons exemplos: LOUCOS DE AMOR (1997) e DIÁRIO DE UMA PAIXÃO (2004). Claro que trabalhar com bons atores nesse tipo de filme ajuda muito. Em UMA PROVA DE AMOR, um dos momentos mais tocantes vem de uma atriz coadjuvante, Joan Cusack, que, sem dizer uma palavra, leva a plateia às lágrimas.
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