segunda-feira, setembro 21, 2009

ANTICRISTO (Antichrist)



Saí da sessão de ANTICRISTO (2009) sem saber se gostei ou não do filme. Em poucas palavras, posso dizer que não fiquei entusiasmado, mas que enxergo várias qualidades na obra. Mas mesmo as qualidades, eu encaro com um pé atrás, como se eu desconfiasse de Lars von Trier, como se ele fosse uma espécie de enganador, farsante, ou algo do tipo. O último filme dele que eu gostei de verdade foi OS IDIOTAS (1998). Tanto DANÇANDO NO ESCURO (2000) quanto DOGVILLE (2003) eu odiei e nem quis ver seus trabalhos seguintes. Por isso que eu acho que foi uma ótima sacada do diretor fazer um filme "de terror" com cenas chocantes. Se a tal trilogia da América já não estava interessando nem aos fãs do diretor, o que parece que foi um dos motivos de ele ter entrado em depressão, nada como sair de uma doença com um projeto novo e ousado. Ao menos, indiferente ninguém sai da sessão. Aliás, von Trier sempre gostou de polêmicas e dessa vez ele precisava chamar ainda mais a atenção. E como já dizia Truffaut, um pouco de polêmica não faz mal a ninguém.

Inclusive, o que salva o filme da letargia são justamente as cenas chocantes de violência, sexo explícito e mutilação genital. O prólogo em preto e branco e em câmera lenta dá logo a entender que o diretor estava agindo com ironia. E uma ironia perversa, levando em consideração que ele estava narrando uma tragédia, a morte do filho pequeno de um casal, interpretado por Willem Dafoe e Charlotte Gainsbourg, atriz bastante corajosa na maneira como se expõe para a composição de seu papel. De uma mulher frágil e perturbada pela morte do filho, ela se transforma no "anticristo", ou no que von Trier acredita ser o anticristo: algo simplesmente maligno, uma maneira bem simplista de tratar um dos principais eixos da doutrina cristã. No fim, o resultado final é uma salada, onde o mais importante é o aspecto psicológico, em detrimento do sobrenatural, embora haja também elementos fantásticos, como os simbolismos em torno dos três animais.

A trama, dividida em quatro atos mais um prólogo e um epílogo, mostra a dor de uma mãe depois que seu filho pequeno salta da janela do apartamento, enquanto ela está transando com o marido. Segue-se então uma espécie de calvário da mulher, que passa por diversos estágios da depressão e da ansiedade, enquanto o marido, psicólogo, procura meios de tratá-la. Como von Trier talvez tenha passado por situação parecida, é possível que os sintomas que a mulher sente e que é mostrado no filme tenham vindo da experiência de vida do próprio diretor. O que chega a incomodar a muitos é a maneira com que ele mostra a mulher. Se von Trier já soava misógino ao fazer suas "heroínas" comerem o pão que o diabo amassou em seus filmes, em ANTICRISTO, essa impressão se torna ainda mais forte. Não apenas pelo sofrimento da mulher, mas pela maneira como ela pode se transformar num monstro e ser capaz de atos inacreditáveis. Nada que vá chocar o público acostumado a ver a franquia JOGOS MORTAIS, mas que pode chocar o espectador despreparado.

P.S.: Ontem foi dia da cerimônia do Emmy. Primeira vez que assisti a essa premiação, que não deixa de ser curiosa. Deu MAD MEN e 30 ROCK entre os prêmios principais. Só não dedico um post à premiação, porque vi com atraso e também porque não saberia falar sobre alguns prêmios relativos a programas de televisão que são quase que exclusividade dos americanos. A surpresa da noite foi o prêmio para Michael Emerson, o Ben de LOST. A beldade da noite foi Anna Torv, de FRINGE. E o momento mais hilariante foi ver Steve Carell dando gargalhada com uma presepada de Jimmy Fallon no palco.

P.S.2: Recebi por e-mail um pedido de divulgação para o novo filme de Roberto Moreira, QUANTO DURA O AMOR?, que tem estreia prevista para o dia 02/10 e conta no elenco com Silvia Lourenço, Danni Carlos e Paulo Vilhena. Como gostei de CONTRA TODOS, estarei lá para prestigiar o novo filme. Segue link para o trailer.

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