quinta-feira, julho 09, 2009

THE YAKUZA PAPERS VOL. 2 – DEADLY FIGHT IN HIROSHIMA (Jingi Naki Tatakai: Hiroshima Shito Hen / Battles without Honor and Humanity: Deathmatch in Hiroshima)





















A principal dificuldade que tenho em acompanhar uma série como essa de Kinji Fukasaku se deve à enorme quantidade de personagens que entram e saem de cena a todo instante. Há aqueles, por sua vez, com elevado grau de importância, geralmente chefões, mas que não se mostram tão presentes em cena. Só depois é que sabemos que determinado personagem não tem tanta importância na trama: quando ele se torna mais um a engrossar a enorme lista dos mortos no filme. Os vários nomes pouco familiares também ajudam a complicar. Na série de cinco filmes BATTLES WITHOUT HONOR AND HUMANITY, que pretende criar um panorama de cerca de vinte anos da história de famílias mafiosas em Hiroshima e cidades próximas logo após o fim da Segunda Guerra Mundial, não se vê pessoas morrendo de causas naturais. Todas são assassinadas ou cometem suicídio.

THE YAKUZA PAPERS VOL. 2 – DEADLY FIGHT IN HIROSHIMA (1973) se passa cinco anos de onde a primeira parte começa. Exatamente no ano de 1950, quando a Guerra da Coreia já havia se iniciado. E, ao contrário do que eu imaginava, Shozo Hirono, o personagem de Bunta Sugawara, não se mantém como o protagonista. DEADLY FIGHT IN HIROSHIMA dá a vez a um personagem bastante interessante, Kinya Kitao, vivido por Shoji Yamanaka. Trata-se de um sujeito passional e tímido que conquista de imediato o coração da trama, que tem como ponto alto o relacionamento de Kinya Kitao com a sobrinha do seu chefe em Hiroshima. Os dois se apaixonam, mas a vida violenta e devota que ele presta à família e uma série de obstáculos fazem com que a relação dos dois se torne mais do que difícil, trágica. Destaque para o momento em que ele, preso por ter cometido assassinatos brutais, fica sabendo que sua amada está sendo levada para se casar com o irmão do marido morto. Ele rapidinho procura um jeito de fugir da prisão.

O ator mais conhecido do público ocidental no filme é Sonny Chiba, que faz um bandido psicótico. Mas confesso que demorei a reconhecê-lo. Aquela brincadeira de que japonês é tudo parecido, ainda que preconceituosa, às vezes tem o seu fundo de verdade, principalmente para os ocidentais. É por isso que mesmo cineastas ocidentais têm a preocupação de, numa trama cheia de personagens, mostrar traços marcantes em cada personagem para que não se torne difícil para o público compreender o filme. Detalhes como o modo como determinado personagem se veste, por exemplo, pode ser importante. E até que Fukasaku explicita bastante o personagem de Chiba, que aparece sempre de óculos escuros. Vai ver por isso que eu não o reconheci. :)

No mais, a segunda parte da saga segue o mesmo estilo narrativo e o mesmo rastro de sangue do primeiro, embora talvez seja um pouco menos exagerado nas cenas violentas - não há, por exemplo, sangue jorrando como água saindo de mangueiras. O estilo câmera na mão no meio da ação permanece. É como se não houvesse uma "tela de proteção" entre filme e espectador. Fukasaku nos coloca no meio da confusão, das brigas. Quanto ao personagem de Bunta Sugawara, ele continua marcante, mesmo aparecendo bem menos nessa segunda parte. Parece que na terceira ele será novamente o protagonista.

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