terça-feira, julho 28, 2009
OS 39 DEGRAUS (The 39 Steps)
O dia foi bem atípico. Bastou eu acordar, perto das dez da manhã, e ver os e-mails e os recados no Orkut que já me vi conversando com um monte de gente no MSN sobre os mais diversos assuntos e interesses, tanto que cheguei quase a perder o foco. O que priorizar primeiro: os assuntos sentimentais ou profissionais? Fora os outros interesses, alguns deles mais "imediatos", como conseguir um convite para a noite de estreia do Cine Ceará hoje à noite ou sair para resolver algumas pendências como cortar o cabelo. Nem tudo termina do jeito que a gente quer, mas eu sei que é preciso ter paciência. No fim das contas, até que foi um dia proveitoso. E vi que minha ausência do MSN nos últimos meses fez com que eu deixasse de saber notícias importantes de alguns amigos, com quem há tempos não falava. Mas é tudo questão de manter alguma disciplina. Senão o tempo vai embora e a gente não faz nada.
E seguindo esse espírito objetivo, dou continuidade à segunda peregrinação pelo cinema de Alfred Hitchcock, desta vez com a revisão de uma de suas obras mais louvadas: OS 39 DEGRAUS (1935), que havia visto uma única vez naquela fita lançada em banca da Altaya. Considerado por muitos a sua melhor obra da fase inglesa, o filme é realmente uma beleza. Foi muito bom eu ter resolvido rever, pois acredito que esse é um filme que é melhor apreciado por quem já conhece os arquétipos que pontuam a obra do mestre do suspense. OS 39 DEGRAUS é um delicioso resumo dos temas que seriam recorrentes nas obras seguintes do cineasta. Há, inclusive, dois filmes que são considerados remakes de OS 39 DEGRAUS que Hitchcock faria nos Estados Unidos: SABOTADOR (1942) e INTRIGA INTERNACIONAL (1959). Diria até que OS 39 DEGRAUS é melhor que SABOTADOR. É mais inteligente, enxuto e o protagonista é mais simpático.
Depois do sucesso da primeira versão de O HOMEM QUE SABIA DEMAIS (1934), Hitchcock estava com fôlego e moral renovados para fazer um trabalho do seu interesse. E um artista como Hitchcock fazendo um trabalho com interesse é de dar gosto. Algumas cenas são impressionantes, como a do protagonista indo pedir abrigo, procurado pela polícia e pelos espiões, na casa de um fazendeiro religioso. Toda a sequência, da chegada à saída da casa, é perfeita. O senso de humor do filme também é destaque, como quando os espiões evitam falar sobre as tais informações secretas, quando sabemos que elas não importam absolutamente nada para a trama. Um dos mais divertidos usos do macguffin feitos por Hitchcock. A cena da senhora encontrando a moça morta com uma faca nas costas e gritando ao mesmo tempo em que ouvimos o apito do trem também é um momento genial, dessa vez de edição.
E ainda temos a sequência no trem; o momento em que o protagonista é confundido com um político e acaba fazendo um discurso; o momento em que ele foge dos espiões, estando algemado à mulher que o entregou. Só isso já seria suficiente para dar ao filme o merecido destaque entre as obras mais brilhantes da carreira de Hitchcock. Agora, com essa revisão, eu fiquei na dúvida se o meu favorito da fase inglesa é esse ou ainda é JOVEM E INOCENTE (1937).
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