quarta-feira, julho 22, 2009

HARRY POTTER E O ENIGMA DO PRÍNCIPE (Harry Potter and the Half-Blood Prince)



E é quando chega mais um filme de Harry Potter nos cinemas que eu entendo o ódio que algumas pessoas nutrem pela trilogia SENHOR DOS ANÉIS. Afinal, não creio que teria gostado tanto da série de Peter Jackson se não tivesse lido os livros de Tolkien e me ligado em tantos detalhes. Como nunca li nenhum livro de Harry Potter, nem nunca tive vontade, o universo da escritora J.K.Rowling não desperta em mim muito interesse. Tanto que, ao final de cada filme, vou me esquecendo aos poucos daquilo que já tive dificuldade de lembrar. Confundo Dumbledore com Voldemort, esqueço até mesmo o nome do melhor amigo de Harry, sem falar nos demais coadjuvantes. Lembrar do nome do personagem de Alan Rickman, então, é uma novela. O único filme da série que me empolgou de verdade foi HARRY POTTER E O PRISIONEIRO DE AZKABÁN (2004), talvez por ter sido dirigido por um cineasta de personalidade como Alfonso Cuarón. Rendi-me tanto à atmosfera quanto à trama.

HARRY POTTER E O ENIGMA DO PRÍNCIPE (2009) é uma sequência melhorada de HARRY POTTER E A ORDEM DA FÊNIX (2007), sob a batuta do inglês David Yates, diretor de todos os episódios da série televisiva STATE OF PLAY (2003) e já responsável para fechar a série do bruxinho nos dois últimos filmes, previstos para 2010 e 2011. Algo que me chamou a atenção na direção elegante de Yates foi a falta de pressa em contar uma história que aparentemente teria que ser contada apressadamente, dado o volume de páginas cada vez maior dos livros a serem adaptados. Em nenhum momento, sente-se que a narrativa está sendo atravessada, embora eu não duvide que algumas cenas tenham sido excluídas no processo de edição.

Também se deve dar o devido crédito à fotografia de Bruno Delbonnel (de O FABULOSO DESTINO DE AMÉLIE POULIN), que, além de embelezar as imagens, tirando aquele ranço de fotografia mal cuidada típica de filme inglês dos dois trabalhos anteriores, acentua o predomínio crescente das belas nuvens carregadas. Algumas cenas são particularmente dignas de nota. A que mais me chamou a atenção envolve a parceria de Harry com o sábio Alvo Dumbledore a fim de cumprirem uma perigosa missão. A utilização do silêncio na maior parte da sequência e o fato de ambos estarem num lugar aparentemente remoto e hostil dão a esses momentos uma atmosfera de pesadelo que remete a alguns dos melhores filmes de horror sobrenaturais. Claro que por mais que a tendência seja de acentuar o tom sombrio cada vez mais, os produtores dificilmente farão algo verdadeiramente assustador, embora eu tenha notado os sustos de parte do público - eu estava cercado de adolescentes -, nessa sequência em particular.

O lado mais alegre do filme se deve aos jogos amorosos entre os jovens. Hermione ama Ron, que está interessado em outra e não sabe dos sentimentos da moça por ele, enquanto Harry também está interessado amorosamente na irmã de Ron. A falta de intimidade com os personagens, porém, fez com que eu não me divertisse tanto com esses momentos aparentemente mais descontraídos. Ou então, a culpa é do diretor, que é mais chegado a tramas conspiratórias do que em lidar com situações mais leves. No mais, o saldo foi positivo e, mesmo estando longe de ser uma autoridade na série – vide primeiro parágrafo -, considero esse sexto filme o segundo melhor da irregular série milionária.

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