sexta-feira, abril 24, 2009

DIABO A QUATRO (Duck Soup)
























Na época que fiz minha pequena peregrinação pela obra de Leo McCarey, queria muito ver este DIABO A QUATRO (1933), mas não encontrei pra locar na videolocadora, nem consegui barato pra comprar. Felizmente, graças às maravilhas da internet e dos fóruns de compartilhamento, finalmente tive a chance de dar uma conferida nesse que é considerado o melhor filme dos Irmãos Marx. E como a Liga dos Blogues Cinematográficos está promovendo o ranking da década de 30, juntei o útil ao agradável. Pena que eu tenha ficado um pouco decepcionado com o filme. Talvez porque o humor do grupo tenha envelhecido e perdido um pouco da graça. O que permanece mais engraçado é Harpo, o que não fala e de onde o filme mais explora o humor físico. É de Harpo que vem o aspecto mais anárquico do grupo. Ele puxa os bolsos da calça do povo e corta com uma tesoura que carrega consigo, entre outras presepadas, junto com seu parceiro Chico.

Mas o cérebro está em Groucho, o bigodudo, o líder intelectual do bando - eu achava que o bigode era de verdade, mas no filme eu vi que era tinta. Groucho foi o que mais fez sucesso com suas tiradas sarcásticas, tendo feito também filmes sem o grupo com igual sucesso. Ele até virou personagem em quadrinhos e se transformou no parceiro do detetive Dylan Dog nos quadrinhos italianos de mistério. Dos quatro, foi o que mais ficou no inconsciente coletivo da civilização ocidental. Um deles não tem muita graça, que é o Zeppo, que eu só fui saber que pertencia ao grupo lá pelo final do filme, na cena em que ele dança com os demais. Ele é muito normal para fazer parte do grupo e fica bem apagado durante o filme. Comparando com os Trapalhões, seria como o Dedé. Mas até o Dedé era mais engraçado, funcionando de "escada" para os outros. Por isso que pouca gente reclamou quando Zeppo deixou o grupo depois de DIABO A QUATRO. Quando o bando migrou para a MGM, fez filmes de sucesso como UMA NOITE NA ÓPERA (1935) e UM DIA NAS CORRIDAS (1937), cujos títulos originais foram homenageados em discos do Queen.

Um dos momentos mais memoráveis de DIABO A QUATRO é a cena do espelho, que com certeza serviu de inspiração para vários desenhos animados. Também muito legal o fato de o filme zombar dos ditadores, tanto que ele chegou a ser proibido na Itália por Mussolini. Quanto a Leo McCarey, perguntado sobre se havia gostado de trabalhar com os irmãos Marx, ele respondeu: "Não gostei. Eles eram muito irresponsáveis, e eu nunca conseguia reunir todos ao mesmo tempo – sempre faltava um.". Quer dizer, os caras eram anárquicos não apenas nas telas, mas na vida real também. Dá até pra imaginar os quatro tentando enlouquecer o diretor, como um bando de alunos pestinhas perturbando a cabeça de um esforçado professor que deseja manter ordem na sala.

DIABO A QUATRO não tem muitas cenas musicais, como aparentemente têm os demais trabalhos do grupo, e isso se deve muito a McCarey, que resolveu cortar esses números para dar mais ritmo ao filme. Pelo que eu li a respeito, quando eles saíram da Paramount e foram para a MGM, suas comédias se misturaram ainda mais com o musical e com o romance. Também fiquei sabendo que os irmãos eram bastante unidos, chegando a voltar a trabalhar no fim de suas carreiras para conseguir dinheiro a fim de quitar as dívidas de jogo de Chico.

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