segunda-feira, fevereiro 23, 2009
OSCAR 2009
Pra mim, o melhor momento dessa 81ª cerimônia do Oscar foi a brincadeira que Ben Stiller fez com o colega Joaquin Phoenix. Ele apareceu ao lado de Natalie Portman para apresentar um dos prêmios de óculos escuros, com uma barba postiça enorme e mascando chiclete, a exemplo da presepada de Phoenix numa recente "entrevista" para o programa de David Letterman. Foi o momento mais divertido da noite. A tão esperada homenagem a Jerry Lewis acabou sendo um pouco deprimente, já que eles o homenagearam por sua ação humanitária e não pelo conjunto de sua genial obra. Dizem que o próprio Lewis havia ficado um pouco chateado com isso, embora não tenha deixado transparecer quando subiu ao palco para receber o prêmio.
Pra quem costuma dizer que festa do Oscar é tudo a mesma coisa, esse ano foi até diferente. Acho difícil eles manterem o mesmo formato nas próximas edições, até porque iria ficar chato e cansativo. Para esse ano, contudo, a idéia de convidar cinco ganhadores da estatueta para falar para cada indicado das quatro categorias de interpretação funcionou e emocionou os indicados. Em que outra ocasião poderíamos ver Robert De Niro falando diretamente para o amigo Sean Penn e fazendo uma piadinha sobre a sua interpretação de Harvey Milk? E essas não foram as únicas modificações. O fato de a premiação ser apresentada por Hugh Jackman, que não se destaca por seu senso de humor, mas por sua capacidade de dançar, cantar, de ser um showman também contribuiu para uma mudança significativa.
E ao contrário do que se pensava, o fato de diminuírem a quantidade e a duração das canções indicadas ao prêmio - o que fez com que Peter Gabriel ficasse insatisfeito e desistisse de subir ao palco para interpretar "Down to Earth", de WALL-E – curiosamente não diminuiu os números musicais. Ao contrário, números musicais não faltaram na festa. O próprio Hugh Jackman abriu a cerimônia dando uma de Billy Crystal e cantou e dançou em homenagem aos principais indicados. Fora isso, teve até número com Beyoncé Knowles, onde ele deixou um monte de marmanjos com inveja ao pegar nas belas pernas da cantora. O fato de o grande premiado da noite ser QUEM QUER SER UM MILIONÁRIO?, de Danny Boyle, filme que termina com uma sequência musical ao estilo Bollywood, pode ter contribuído para tanto cantar e dançar. Em tempos de crise, isso seria uma forma de espantar os males.
E falando em crise, ela já chegou ao Oscar. Nos Estados Unidos, eles tiveram que diminuir o preço do que se cobrava para se colocar um anúncio no intervalo da festa. Aqui no Brasil, o fato de a festa acontecer em pleno Carnaval fez com que muita gente sequer ficasse sabendo da premiação, que não foi transmitida esse ano por nenhuma televisão aberta. Só pela TNT. Sem falar no fato de os filmes indicados não estarem recebendo uma distribuição decente nos cinemas.
Quanto às premiações, a maioria delas foi bem previsível. A única surpresa da noite foi o japonês DEPARTURES vencer o israelense VALSA COM BASHIR na categoria de filme estrangeiro. Mas de qualquer maneira, essa é uma categoria um pouco mais difícil de prever. Também fiquei surpreso com a vitória de Sean Penn por MILK – A VOZ DA IGUALDADE, vencendo o meu favorito, Mickey Rourke (O LUTADOR). Apesar de gostar de Penn, eu achava preferível Frank Langella ganhar o prêmio por sua brilhante performance em FROST/NIXON. Do jeito que ficou, pareceu uma premiação políticamente correta. Kate Winslet ganhando o prêmio de atriz principal também não foi o que eu queria. Não por Kate, que eu acho ótima, mas pelo filme que ela concorria, o fraco O LEITOR. Mas a premiação mais certa da noite era a de Heath Ledger, por BATMAN – O CAVALEIRO DAS TREVAS. O prêmio foi recebido por sua família.
O grande perdedor da noite foi justamente o filme que mais tinha indicações. O CURIOSO CASO DE BENJAMIN BUTTON, de David Fincher, que apareceu em várias listas de melhores do ano e era tido como um dos favoritos, acabou tendo que se contentar com três prêmios técnicos, das treze indicações. E será que Bollywood chegou pra ficar em Hollywood? Eu ainda não acredito. Se a moda indiana chegou até nas novelas da Globo, acredito que se os filmes produzidos na Índia chegarem com força no Ocidente acho que vai ser apenas uma moda passageira, como foram as cinematografias chinesa, iraniana, dinamarquesa, japonesa e sul-coreana, que tiveram o seu momento de destaque em determinado momento dos últimos vinte anos.
Os Vencedores
Melhor filme: QUEM QUER SER UM MILIONÁRIO?
Melhor diretor: Danny Boyle, por QUEM QUER SER UM MILIONÁRIO?
Melhor ator: Sean Penn, por MILK – A VOZ DA IGUALDADE
Melhor atriz: Kate Winslet, por O LEITOR
Melhor ator coadjuvante: Heath Ledger, por BATMAN – O CAVALEIRO DAS TREVAS
Melhor atriz coadjuvante: Penélope Cruz, por VICKY CRISTINA BARCELONA
Melhor filme estrangeiro: DEPARTURES (Japão)
Melhor filme de animação: WALL-E
Melhor roteiro adaptado: QUEM QUER SER UM MILIONÁRIO?
Melhor roteiro original: MILK – A VOZ DA IGUALDADE
Melhor fotografia: QUEM QUER SER UM MILIONÁRIO?
Melhor direção de arte: O CURIOSO CASO DE BENJAMIN BUTTON
Melhor figurino: A DUQUESA
Melhor documentário em longa-metragem: MAN ON WIRE
Melhor documentário em curta-metragem: SMILE PINKI
Melhor montagem: QUEM QUER SER UM MILIONÁRIO?
Melhor maquiagem: O CURIOSO CASO DE BENJAMIN BUTTON
Melhor trilha sonora original: QUEM QUER SER UM MILIONÁRIO?
Melhor canção: "Jai Ho" (QUEM QUER SER UM MILIONÁRIO?)
Melhor curta-metragem de Animação: LA MAISON DE PETITS CUBES
Melhor curta-metragem: SPIELZEUGLAND (TOYLAND)
Melhor edição de Som: BATMAN – O CAVALEIRO DAS TREVAS
Melhor mixagem de Som: QUEM QUER SER UM MILIONÁRIO?
Melhores efeitos visuais: O CURIOSO CASO DE BENJAMIN BUTTON
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