segunda-feira, dezembro 08, 2008

ENTRE LENÇÓIS



Para quem esperava um filme que mais poderia servir como propaganda de cuecas e lingeries, me surpreendi positivamente com este ENTRE LENÇÓIS (2008), um filme atípico na cinematografia brasileira, em sua estrutura e modo de filmar, talvez por ser dirigido por um cineasta colombiano (Gustavo Nieto Roa). Apesar de ter um par de atores globais e de ser roteirizado por Renê Belmonte, da comédia SE EU FOSSE VOCÊ, de Daniel Filho, o filme mais se assemelha a uma produção estrangeira. Para se ver o quanto uma direção faz a diferença. E falo isso sem conhecer absolutamente nada da carreira do diretor, que faz filmes em seu país desde a década de 70.

Mas abrindo o jogo, é melhor eu dizer a principal razão de eu ter gostado de ENTRE LENÇÓIS: Paola Oliveira. Que mulher espetacular! Que olhar provocante! Que seios lindos, que belo par de coxas, que traseiro. Inclusive, das poucas vezes que o filme o mostra, é como se fosse um presente para o espectador. Mas por mais que o sexo seja elemento essencial para o prazer que o filme proporciona aos personagens e a nós - as mulheres deverão ficar felizes com a performance e a entrega ao papel de Reynaldo Giannechini, talvez em seu melhor papel no cinema até hoje. Se bem que sua carreira no cinema não é lá essas coisas para critério de comparação, mas acredito que essa imersão intimista, esse projeto praticamente todo filmado dentro de um quarto de motel, faz com que o relacionamento do casal se torne algo, além de intenso, crível.

A trama é simples: um casal se conhece numa boate e vai logo para um quarto de motel. Sem nem mesmo saber o nome um do outro, fazem sexo e sentem uma forte conexão e uma vontade de continuarem juntos. Ele já havia pago a conta do motel para passarem a noite e, aos poucos, eles vão dizendo seus verdadeiros nomes, seus estados civis, o quanto eles gostam de seus pares etc. E essa troca de confidências vai os aproximando de tal maneira que a paixão vai surgindo e ameaçando mudar suas vidas. E como não se apaixonar por Paola Oliveira? Ou pelo menos pela personagem dela no filme: Paula, a jovem que está prestes a se casar e de repente se encontra num terrível dilema? O roteiro não a pinta perfeitinha. Ela é um pouco manipuladora e irascível, mas essas imperfeições a tornam ainda mais fascinante. A figura do homem que transforma o que seria apenas uma noite de sexo em algo inesquecível e romântico também deve fazer a cabeça das mulheres.

O filme ainda conta com uma trilha sonora quase ausente, de tão sutil que é, privilegiando principalmente os diálogos. A câmera nem sempre mostra o que a gente quer ver, mas isso também faz parte do jogo de provocação e que distingue o filme de uma obra pornográfica. Até porque estão envolvidos sentimentos também. E essa mistura de tesão, carinho, paixão, admiração e gratidão - ambos se sentem gratos um ao outro pela inesquecível noite - tornam o filme um caldeirão de sentimentos e sensações surpreendente. É nosso ANTES DO AMANHECER, mais erótico, mais quente e mais modesto - pra não encher a bola demais do filme. A comparação com a obra-prima de Linklater se deve não apenas ao fato de ENTRE LENÇÓIS mostrar a evolução de um casal se conhecendo num curto espaço de tempo, mas até pelo próprio final, que pode ou não trazer uma continuação. Mas talvez nem precise, já que eu achei o final bem satisfatório.

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