segunda-feira, dezembro 29, 2008
CÃO BRANCO (White Dog)
Tinha vontade de ver este filme desde os elogios rasgados do Carlão Reichenbach em sua antiga coluna no site Terra, na época que ainda se chamava Zaz. E como o filme era difícil de encontrar em VHS, só agora, com o lançamento em DVD nos Estados Unidos, e com o surgimento da cópia em dvdrip na internet, pude finalmente conferir essa maravilha dirigida pelo genial Samuel Fuller. Uma pena que o filme foi embargado quando de seu lançamento nos Estados Unidos por causa de protestantes idiotas que nem sequer haviam visto o filme. Foi mais ou menos o que aconteceu com A ÚLTIMA TENTAÇÃO DE CRISTO, de Martin Scorsese, que por pouco não foi barrado aqui. No caso de CÃO BRANCO (1982), os protestantes alegavam que o filme era racista, quando na verdade é exatamente o oposto.
O filme tem um jeitão de produção B, mas isso dá um charme a mais ao trabalho de Fuller, que conta com atores pouco conhecidos no elenco. Na trama, uma jovem aspirante a atriz atropela um pastor alemão branco na estrada. Temendo pela vida do animal, ela o leva imediatamente a um veterinário. Para evitar que o bicho seja enviado para o depósito - e com três dias, se o dono não aparecer, o animal é sacrificado -, ela resolve ficar com ele até que o dono apareça. Certa noite, o animal a salva do ataque de um estuprador, que invade sua casa. Depois de dias, o cão foge de casa e ataca um motorista negro na rua, voltando para casa dias depois, todo ensangüentado. Em pouco tempo, ela descobre a verdade sobre o cachorro e seus antecedentes e tenta reverter a situação.
Em tempos de BOLT – SUPERCÃO e MARLEY E EU, dois filmes que mostram cachorrinhos como animais simpáticos, resolvi nadar contra a maré e permanecer em casa ontem e ver essa preciosidade de Fuller. Não que Fuller pinte o cão como vilão. Na verdade, os grandes vilões são os antigos donos, que, com intenções malignas, programaram o animal para se tornar uma máquina de matar negros. Segundo o filme, esse método é bem antigo e já era usado desde antes da abolição dos escravos, como forma de pegar os escravos que fugiam. E o filme é mais uma denúncia do quanto o racismo ainda continua incrustado no coração dos Estados Unidos. Afinal, um país que criou uma organização como a Ku-Klux-Klan só pode sofrer de uma séria doença.
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