quinta-feira, julho 17, 2008

A SÉTIMA VÍTIMA (The Seventh Victim)



Não sabia da existência deste A SÉTIMA VÍTIMA (1943) e fiquei curioso quando alguém o citou numa conversa aqui mesmo no sistema de comentários do blog, numa ocasião em que se discutia a respeito do filme homônimo de Jaume Balagueró. A SÉTIMA VÍTIMA, de Mark Robson, trata-se de um film noir produzido por Val Lewton, cujos filmes mais conhecidos são aqueles dirigidos por Jacques Tourneur, como SANGUE DE PANTERA, A MORTA-VIVA e O HOMEM LEOPARDO. Se chamam esses filmes de horror psicológico, o que dizer então desse sensacional trabalho de sombras e de mistério dirigido por Robson? Pode-se afirmar sem sombra de dúvida que o diretor, assim com a protagonista do filme, Kim Hunter, começaram suas carreiras com o pé direito. Foi a estréia de ambos no cinema. Muitos elementos dos filmes produzidos por Lewton estão em A SÉTIMA VÍTIMA, como as cenas noturnas, com ruas geralmente desertas, personagens sendo perseguidas, closes nos sapatos das mulheres apavoradas, sombras que assustam e um mistério cercando a trama.

Com apenas 71 minutos de grande cinema, A SÉTIMA VÍTIMA me deixou impressionado e empolgado. A vantagem de filmes assim, com essa duração, é que eles têm poucas chances de cansarem o espectador. Mas essa não é a única qualidade do filme. Há uma cena, inclusive, que antecipa uma seqüência de PSICOSE, quando a protagonista está no banho e vê, através do plástico que cobre a área do chuveiro, a sombra de uma mulher. Quem sabe Hitchcock não se inspirou nessa cena para a sua clássica cena do chuveiro, hein?

A estória do filme gira em torno de uma jovem que estuda num orfanato-escola e sai à procura de sua irmã desaparecida. Ela fica sabendo que sua irmã mais velha, que sempre ligava para a escola para saber dela, não dá notícias há tempos e é encorajada a sair à sua procura num mundo hostil a que ela não está acostumada. O fato de ela ter vivido toda a sua vida num ambiente protegido e longe dos desafios e dos perigos do mundo exterior faz com que nos solidarezemos com a protagonista de imediato. Felizmente, apesar de o mundo ser mesmo cheio de perigos, ela tem a sorte de encontrar pessoas que procuram ajudá-la a desvendar o mistério do desaparecimento de sua irmã, que está implicada numa seita de adoradores do diabo.

O filme é cheio de momentos eletrizantes. Até pela curta duração, não há espaço para "tempos mortos". Há uma seqüência em especial que me chamou muito a atenção, que é aquela em que a protagonista entra com um detetive num lugar escuro e o homem sai de lá esfaqueado e ela sai correndo apavorada. Momentos depois, ela vê o homem morto no metrô, sendo carregado por dois homens estranhos, que agem como se estivessem levando um amigo bêbado. O fato de o metrô ser mostrado sempre vazio, assim como as ruas, já que os fatos mais importantes da trama acontecem à noite, dá um ar todo misterioso e excitante ao filme. E ao final - e que final!!! -, eu fiquei sem entender o título. No IMDB é que eu soube que o título é derivado de um primeiro script da produção, que mostrava uma heroina, também vinda de um orfanato, numa teia de mistério e assassinato. Se ela não encontrasse a identidade do assassino, ela se tornaria a sétima vítima. O produtor Val Lewton não gostou do roteiro e providenciou outro, bem diferente. No entanto, o número 7 permanece na memória do espectador logo que o filme acaba, já que é o número do apartamento da irmã desaparecida (Jean Brooks, protagonista de muitos filmes B nos anos 40).

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