terça-feira, junho 03, 2008

LONGE DELA (Away from Her)



Um dos problemas desses filmes com "cara de Oscar" é que parece que eles têm um certo prazo de validade. É como se depois de passado aquele período de hype em torno da premiação, eles já não tivessem mais tanta graça ou importância. Foi o que eu senti vendo este LONGE DELA (2006), estréia na direção de longa-metragem da jovem atriz Sarah Polley. Acredito que se eu tivesse visto o filme na época da premiação, junto com os outros indicados, talvez eu o valorizasse mais. Mas o filme só chegou em Fortaleza agora e por mais que seja um trabalho bem conduzido e com interpretações muito boas tanto da estrela quase esquecida Julie Christie (que tinha fama de ser muito exigente nos anos 70) e do pouco conhecido Gordon Pinsent, o filme parece ter uma intenção de emocionar ou de ser tocante de uma forma que sinceramente não funcionou comigo. Aconteceu o mesmo com outro filme sobre o mal de Alzheimer: IRIS (2001). Mas acredito que menos pelo tema e mais pela qualidade e sensibilidade dos citados filmes. Se bem que se comparar os dois, fico com o filme da Sarah Polley.

Quanto à doença, claro que ninguém quer sofrer com esse mal, que deve ser desesperador pra quem começa a ter consciência de sua condição e desolador para os familiares que sofrem com algo que só tende a piorar. Eu mesmo tenho dois amigos que sofrem bastante com familiares com esse mal. Não sei se estou sendo insensível, mas de acordo com as minhas crenças, nós, quando viemos a este mundo, esquecemos de onde viemos e de nossas vidas pregressas. Logo, morrer com esse mal não deixa de ser uma antecipação desse longo esquecimento.

Quanto ao filme, ele trata da relação entre Fiona (Julie Christie) e Grant (Gordon Pinsent), casados há quarenta anos e vivendo na fria província de Ontário, no Canadá. No começo, Fiona começa a esquecer as coisas ou a fazer coisas estranhas como guardar panelas vazias na geladeira ou algo do tipo. Menos mal que Fiona aceita essa condição com bom humor, preferindo ela mesma se transferir para uma clínica do que tornar-se um estorvo para o seu marido, que, ao contrário, não quer ficar um momento sequer longe dela. Por isso ele não aceita muito bem a política da clínica de o paciente ser obrigado a ficar sem receber nenhuma visita durante um período de 30 dias. As coisas se complicam pra ele quando a esposa começa a gostar de um paciente lá da clínica. Falando em Ontario, elejo como o melhor momento do filme a cena em que o casal de sexagenários dança ao som da lindíssima "Harvest Moon", de Neil Young, um dia antes dela partir para a clínica. Uma pena o filme ter atingido esse grau de excelência num instante e depois retornar à sua morosidade, mas ao menos essa cena me lembrou o quanto essa canção é linda. Preciso procurar a versão original dela por aí - só a tenho na versão do álbum Unplugged MTV.

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