sábado, março 01, 2008
RAMBO IV (Rambo)
Muita gente vê com um certo charme e um pouco de saudosismo o tempo das "super-produções Paris Filmes" e das fitas vhs da América Vídeo, mas eu confesso que eu não era um aficionado pelo cinema de ação oitentista. Achava picareta demais e dava preferência sempre ao cinema "classe A", tanto que nunca vi um filme sequer estrelado pelo Chuck Norris, mais por não ir com a cara dele do que por ele ser uma cópia descarada de Rambo. Aliás, RAMBO: PROGRAMADO PARA MATAR (1982), o primeiro e ótimo filme da cine-série, não trouxe como efeito colateral apenas BRADDOCK, O SUPER COMANDO (1984) e suas continuações. O próprio Schwarzenegger se popularizou na época com um filme na esteira de "exército de um homem só" com COMANDO PARA MATAR (1985). E os italianos, como bons picaretas e copiadores que são, também se aproveitaram dessa febre, com a ajudinha de alguns atores americanos. Por conta disso, sempre que eu ía à videlocadora, encarava a prateleira de filmes de ação como o grande lixão do lugar. Mas as coisas mudaram de um tempo pra cá e atualmente eu sou um pouco menos preconceituoso. Hoje eu até tenho um action hero cuja carreira eu acompanho, apesar de ele estar cada vez mais decadente, que é o belga Jean-Claude Van Damme, cujos títulos nem pelos cinemas passam mais, indo direto para o mercado de vídeo.
Adorei o retorno com força de Sylvester Stallone no sentimental ROCKY BALBOA (2006). Diria que no quesito direção, Stallone nunca esteve tão bem. Não acho que ele vá ter tempo suficiente para se tornar um mestre como Clint Eastwood, mas com um pouco de esforço e sensibilidade, ele pode correr atrás do tempo perdido e se tornar um diretor respeitado. E mesmo com a minha simpatia por Stallone, eu me decepcionei com RAMBO IV (2008). Talvez por eu já não ter gostado de nenhuma das duas seqüências, mas a violência exagerada do primeiro trailer do filme, surgido na internet, me deixou bastante entusiasmado. E por mais que haja em RAMBO IV ação suficiente para nos entreter por uma hora e meia, quando terminou o filme eu pensei: "é só isso?". Tudo bem que os outros três títulos da série não se destacavam pela estória - o que ficava na memória eram mais as frases de efeito e as indumentárias do guerreiro - mas eu esperava mais desse novo filme, nessa nova fase de Stallone, e não apenas um filme preguiçoso e feito para capitalizar em cima desse revival dos anos 80. Sem falar no aspecto um pouco ególatra do ator/diretor/roteirista, cujo nome aparece quatro vezes nos créditos iniciais, já que até em cima do título do filme - pelo menos na versão brasileira, que adicionou o IV ao título original -, aparece escrito Stallone. Lembrou-me os tempos em que ele fez COBRA (1986) e a distribuidora brasileira vendeu o filme como "Stallone Cobra". Como se o cartaz com o rosto e o nome em destaque do ator já não fossem suficientes para vender o produto.
Uma das coisas que eu mais simpatizo em Stallone é que seus personagens são sempre pacíficos, não querem confusão, mas quando são humilhados ou irritados por alguém, sai de baixo. No caso de RAMBO IV, a coisa nem é bem assim, já que o eixo da trama gira em torno do resgate de um grupo de missionários americanos que vão até a Birmânia, uma zona de guerra, levar medicamentos para os necessitados, que sofrem nas mãos dos perversos tiranos. A Birmânia mostrada no filme é uma verdadeira visão dos infernos. A brincadeira preferida dos malvadões é jogar granadas nos lagos (ou seriam pântanos?) e botar pra correr um grupo de vítimas para depois ver um deles pisar numa granada e ter o prazer de ver seus corpos serem desmembrados, destruídos. Tal sadismo já justifica na cabeça do espectador, principalmente de um espectador de um filme de Rambo, que esses caras não merecem piedade. E quando Rambo se junta a um grupo de mercenários para resgatar os missionários que foram ajudar as vítimas e agora se encontram mortos ou enjaulados o que mais a gente quer ver é Rambo estripando os caras, arrancando fora suas cabeças, enchendo os nojentos de bala. E claro que isso acontece, mas chega uma hora que a carnificina vai se tornando banal e a provocar tédio e RAMBO IV se torna quase tão fraco quanto o anterior, principalmente com aquele epílogo toscamente enxertado. Esperava mais do velho Sly.
Entre os personagens, destaque para Julie Benz, que interpreta Sarah, a mulher que convence Rambo a levar o seu grupo de barco da Tailândia até a Birmânia (agora Mianmá). A atriz ficou famosa por interpretar Rita, a namorada do "psicopata do bem" Dexter da série homônima. Julie, curiosamente, vai estar também no novo filme do Justiceiro: PUNISHER: WAR ZONE, que já está em fase de pós-produção e que tem data de lançamento nos Estados Unidos para setembro. A moça parece que gosta mesmo de sangue, hein! Outro rosto familiar em RAMBO IV é o de Paul Schulze, que interpretou o padre Phil na primeira temporada de FAMÍLIA SOPRANO.
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