quinta-feira, janeiro 24, 2008
EU SOU A LENDA (I Am Legend)
Impressionante como Will Smith tem evoluído como ator. EU SOU A LENDA (2007) deve muito de seu sucesso à sua performance onipresente num filme em que, até o terceiro ato, o único ser vivo a aparecer na tela junto dele é um cão pastor alemão, a cadela Sam, que imediatamente conquista o carinho da audiência, sem precisar se esforçar muito pra isso. Inclusive, eu até arriscaria dizer que a cadela é a principal responsável pelo fato de eu ter gostado tanto desse filme, dirigido por Francis Lawrence, que antes era mais conhecido por seus trabalhos como diretor de videoclipes, sendo que o mais famoso dele talvez seja "I'm a Slave for U", da Britney Spears. Clipe que, aliás, eu acho bem legal, digam o que disserem. Para o cinema, Lawrence ganhou fama com CONSTANTINE (2005), um filme que não me agradou completamente mas cujo visual e enquadramentos já revelavam um especial cuidado com a imagem.
EU SOU A LENDA é a terceira versão de "I Am Legend", livro de Richard Matheson. A primeira foi MORTOS QUE MATAM (1964), estrelada por Vincent Price, e a segunda, A ÚLTIMA ESPERANÇA DA TERRA (1971), que contava com Charlton Heston como protagonista. Ainda não conferi nenhuma dessas versões, mas pretendo. Por enquanto, fiquemos com o belo trabalho de Francis Lawrence e Will Smith, que de tão bom que está no filme, o considero como co-autor. E é bom lembrar que em filmes de gênero ter uma excelente performance não é uma necessidade. Em filmes de terror, costumamos relevar deslizes de interpretação e aceitar canastrões numa boa. Mas claro que ter um grande intérprete ajuda pra caramba. E a presença de Smith e sua fiel companheira compensa as eventuais falhas do filme, em especial quando surgem os vampiros digitais, que não assustam tanto - até porque EU SOU A LENDA funciona mais como um drama do que como um filme de sustos. Mas a ferocidade e periculosidade das criaturas não pode ser negada, principalmente quando vemos as cenas em que Will Smith os encara, com expressão de intenso pavor. O grande momento do filme talvez seja a seqüência em que Sam, a cadela, entra num lugar escuro, um covil onde se escondem os vampiros que só saem para caçar à noite, e seu dono fica desesperado .
No primeiro ato do filme, vemos o cotidiano de Smith numa Nova York totalmente esvaziada, depois que um vírus mortal transformou toda a população em criaturas parecidas com vampiros ou zumbis que não suportam a luz do dia. Os que não se transformaram em monstros acabaram se tornando presas das criaturas. Para não enlouquecer, o personagem de Smith tenta manter uma rotina, além de deixar uma mensagem em freqüência AM, dizendo estar sempre no mesmo lugar todos os dias ao meio-dia, pro caso de existir mais alguém vivo. Outro mérito do filme é contar a estória com poucos diálogos, especialmente durante a primeira metade, antes do aparecimento da personagem de Alice Braga. E com a eficiente dramaticidade conseguida, EU SOU A LENDA pode ser visto mais como um ótimo drama sobre vampiros do que como um filme de terror convencional e cheio de clichês que se esperava. Tanto que foi um dos poucos filmes de terror - Lynch não vale - que me fez chorar.
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