sábado, dezembro 15, 2007
UM AMOR JOVEM (The Hottest State)
A experiência como ator nos filmes de Richard Linklater, aliada à sua experiência como escritor de romances, levou Ethan Hawke pela segunda vez ao posto de diretor de longa-metragem, na adaptação de um de seus livros, "The Hottest State" (inédito no Brasil). De seus romances, comprei o bom "Quarta-feira de Cinzas", livro que alterna os pontos de vista de um casal em crise. Cada capítulo do livro é narrado pelo ponto de vista de um deles.
Sendo uma adaptação de um de seus primeiros livros, imagina-se que UM AMOR JOVEM (2006) seja o trabalho mais pessoal de Ethan Hawke. A influência de Richard Linklater é clara: o filme de Hawke não se liga muito numa narrativa, é mais um estudo de personagem, um trabalho intimista, no que a palavra tem de mais amplo. Conta a estória de William (Mark Webber), um rapaz que se apaixona por uma linda e jovem cantora de nome Sarah (Catalina Sandino Moreno). Embora em nenhum momento UM AMOR JOVEM consiga atingir a graça e o encanto de um ANTES DO AMANHECER ou um ANTES DO PÔR-DO-SOL - o que seria uma surpresa e tanto - o trabalho do jovem diretor tem os seus méritos.
Na trama, William conhece Sarah num barzinho e começa a puxar conversa com ela. Ela simpatiza com o rapaz e os dois começam a conversar no caminho de volta para casa, a pé. É quando ele descobre que ela mora em frente à sua casa. Ele fica tão amarradão na menina que quer logo morar junto com ela. As coisas vão bem, mas a presença constante do rapaz faz com que Sarah comece a perder o encanto por ele, embora ela mesma admita que a viagem que os dois fizeram juntos tenha sido marcante e um dos momentos mais felizes da vida dela. E quando ela pede "um tempo", ele fica logo desesperado. Não quer perder a garota que ele tanto ama e que acredita ser a mulher de sua vida. E é nessa hora que o filme atinge os seus melhores momentos, quando nos sentimos um pouco na pele do rapaz. Uma das seqüências mais memoráveis é aquela em que ele liga várias vezes para o telefone de Sarah, deixando uma mensagem atrás da outra na sua secretária eletrônica, sem nunca conseguir esgotar o que falar ou diminuir a dor no peito. Quem já se apaixonou, vai entender.
E quem, como eu, se encantou com a beleza de Catalina Sandino Moreno desde sua estréia em MARIA CHEIA DE GRAÇA, vai ficar muito feliz em poder ver um pouco mais de seu belo corpo no filme. Alguns coadjuvantes de luxo participam. Além do próprio Hawke, que interpreta o pai ausente de William, temos a sempre ótima Laura Linney, como a mãe dele, e Sônia Braga, como a mãe de Sarah. Outra figurinha conhecida é Michelle Williams.
UM AMOR JOVEM ainda está inédito no Brasil, mas vai ser lançado em breve, só não sei se no cinema ou direto em dvd.
P.S.: Embora eu ande sem tempo pra acompanhar o blog dos amigos e a empresa onde eu trabalho esteja limitando cada vez mais o acesso à internet, a ponto de proibir até os blogs, venho avisar que a décima-quinta edição da Revista Zingu! está no ar. Dessa vez, o destaque é o Cine Marabá, um daqueles antigos cinemas-palácio de rua, que estão em fase de extinção no Brasil. O lugar foi fechado e vai se transformar num multiplex com cinco salas. No mais, a revista traz: a continuação da série de textos do especialista Rodrigo Pereira sobre os "western feijoada"; contribuições de Marcelo Carrard nas sessões "Subgêneros obscuros" e "Cinema Extremo"; e muito mais, como um texto bastante pessoal do amigo Eduardo Aguilar, que está estreando como diretor de teatro na peça OS HOMENS SÃO SINGELOS, AS MULHERES NÃO. Ele faz um interessante e afetuoso estudo comparativo entre o cinema e o teatro e sobre a necessidade ou não de controlar as coisas. Inclusive na vida. Vale a conferida!
Nenhum comentário:
Postar um comentário