sábado, dezembro 01, 2007

GARÇONETE (Waitress)



Estava falando agora há pouco com uma amiga minha por telefone sobre ser feliz, sobre felicidades, sobre se somos felizes, e juntos concordamos que a maior parte da humanidade está feliz se estiver bem dentro do campo afetivo. Não adianta ter muito dinheiro no banco e um emprego dos sonhos se você não está do lado da pessoa que ama. E imagino também que casar com a pessoa errada e odiar o homem - como no caso do filme - ou a mulher com quem você divide a mesma cama deve ser uma tortura. Aí, nesse caso, encaixa-se perfeitamente o título nacional do mais recente filme dos Farrellys: "antes só do que mal casado." E assim vive a garçonete interpretada por Keri Russell em GARÇONETE (2007), último trabalho na direção de Adrienne Shelly, morta prematuramente, vítima de homicídio. O corpo de Shelly foi encontrado pelo seu marido, enforcada com seus próprios lençóis no banheiro de seu apartamento. Inicialmente, acreditava-se que havia sido suicídio, mas depois o assassino confessou o crime.

Voltando ao filme, Keri Russell (bela como sempre) é uma garçonete infeliz com o seu marido, que é realmente um "filho da puta". O ator que o interpreta é o irmão psicótico da Brenda (Jeremy Sisto), da série A SETE PALMOS. Ele é agressivo e não tem a menor sensibilidade ou intenção de agradar a esposa, que acaba fazendo todos os seus desejos e abdicando de suas vontades por puro medo. E agora ela está grávida e odeia estar grávida de um homem que ela odeia. As coisas mudam um pouco para o seu lado quando ela se consulta com um ginecologista (Nathan Fillion), que também é casado, mas que fica apaixonado por ela. E rola uma atração muito forte entre os dois. E, apesar de ser uma relação proibida e perigosa, isso passa a tornar a vida de Jenna (é o nome dela no filme) muito mais interessante e feliz. Há também os casos de amor de suas duas colegas de lanchonete, mas isso serve mais para rechear um pouco o filme e não concentrar apenas numa única personagem.

E por falar em recheio, como a protagonista é uma especialista em tortas, ela sempre imagina receitas de tortas para cada ocasião de sua vida. E isso é uma das coisas que diferem GARÇONETE das atuais comédias românticas e dos vários filmes que lidam com o sentido do paladar, com a arte da culinária. No caso dos americanos, parece que eles se especiliarizam mesmo foi em tortas, bolos, donuts e coisas do tipo. Isso me lembra muito o Agente Cooper em TWIN PEAKS tendo quase que orgasmos ao experimentar as guloseimas da cidade. E já que estamos nesse plano onde os sentidos desempenham um papel tão importante e tão ligados ao prazer, nada como aproveitar e sentir o gosto de uma torta bem gostosa. Se bem que com essa ditadura do peso que existe hoje em dia, os sentimentos de culpa acabam se acumulando e o prazer tem que ser bem comedido.

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