terça-feira, novembro 13, 2007
MANDANDO BALA (Shoot'Em Up)
Uma bela surpresa este MANDANDO BALA (2007), principalmente pra quem entra no clima bem humorado e cheio de excessos do filme. A primeira cena já entrega uma homenagem a Sergio Leone, com um grande close dos olhos de Clive Owen enchendo a tela scope. Depois, close no seu rosto de Owen, comendo uma cenoura, como o Pernalonga. Lá pelo meio do filme, percebemos que essa semelhança não é gratuita, já que as cenouras continuarão a ser uma marca - e um "utensílio" - para o personagem. Além do mais, a clássica pergunta "what's up, doc?" ("o que é que há, velhinho?") também será mencionada em certa ocasião. Isso de colocar um protagonista imitando o coelho da Warner não é novidade. Já vimos isso antes em ESSA PEQUENA É UMA PARADA, de Peter Bogdanovich, mas a intenção aqui é outra, já que apesar de ser um filme digno de ser classificado como uma comédia, trata-se de um filme de ação tão ou mais eletrizante e nervoso quanto o recente ADRENALINA, só que ainda mais absurdo e com menos respeito às regras da física. Aliás, "verossimilhança" é uma palavra que deve ser riscada do dicionário no momento em que entramos na sessão de MANDANDO BALA.
Na trama, Clive Owen está sentado num banco de uma rua deserta à noite, quando vê passar uma mulher grávida chorando e apavorada. Em seu encalço, um homem armado. Owen - até então, ainda não o conhecemos como "Mr. Smith" - dá de ombros, liga o botão do "foda-se" e vai lá proteger a pobre mulher das garras daquele covarde. O que não se espera é que no momento do quebra-pau dele com o bandido, a mulher esteja prestes a dar a luz e que outros homens apareçam e ele tenha que se defender e atirar em todos, ao mesmo tempo em que ajuda a mulher a parir, com direito a corte do cordão umbilical na bala. No meio do tiroteio, a mulher morre e Mr. Smith carrega a criança em seus braços. Ele sai em busca de uma mulher que possa amamentar a criança e lembra de uma prostituta que poderia ajudá-lo nessa tarefa, uma italiana interpretada pela gostosíssima Monica Bellucci. O grande vilão do filme é Paul Giamatti, no papel de um caricato gângster que tem estranhas razões para querer a criança morta. E a brincadeira está apenas começando.
Durante as cenas de tiroteio, ouvimos muito rock pesado e barulhento. No primeiro tiroteio, ouvimos "Breed", do Nirvana, o que fez meu espírito noventista (alguém já está usando esse adjetivo?) vibrar de entusiasmo. Ouvir "Breed" no cinema não tem preço. Ainda mais assistindo as façanhas de um herói invencível com o Sr. Smith de Clive Owen. O engraçado é que o bebezinho fica tão acostumado com a barulheira, que só consegue dormir ou descansar ouvindo heavy metal ou um rock mais pesado. Em certa altura do filme, a platéia urrava de alegria, misturada com gargalhadas com os aburdos de certas cenas, como aquela em que Owen pula de pára-quedas de um avião e sai atirando em seus inimigos em pleno ar. E quando o filme termina, senti no ar uma euforia poucas vezes vista numa sessão. Parecia show de rock. Trata-se de um filme totalmente desprensioso e cuja única função é divertir. E tenho impressão que todo mundo saiu do cinema com um sorriso de satisfação no rosto.
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