quinta-feira, setembro 27, 2007

SANEAMENTO BÁSICO, O FILME



Uma bela surpresa este SANEAMENTO BÁSICO, O FILME (2007). Não que eu duvidasse da capacidade de Jorge Furtado de fazer bons filmes. Não é isso. Acompanho o trabalho dele desde o curta ILHA DAS FLORES (1989) e curto muito os seus três primeiros filmes para cinema e o telefilme LUNA CALIENTE (1999). A surpresa que eu tive com esse novo trabalho foi mais relacionada ao andamento diferenciado, ao fato de Furtado não dispensar os tempos mortos e de fazer uma comédia sem a pressa habitual, o que pode até aborrecer o público mais impaciente, coisa que eu senti durante a sessão em que estive, com gente conversando durante o filme e reclamando no final. Ainda por cima, a última seqüência do filme é totalmente atípica, bem diferente do que se esperaria.

Talvez o principal ponto em comum entre esse novo trabalho de Furtado e sua "trilogia do amor e do dinheiro" - HOUVE UMA VEZ DOIS VERÕES (2002), O HOMEM QUE COPIAVA (2003) e MEU TIO MATOU UM CARA (2004) - seja justamente o dinheiro. O dinheiro é sempre uma necessidade básica para o bem estar social, para se sair de uma encrenca ou para a realização de um sonho. No caso de SANEAMENTO BÁSICO, O FILME, o dinheiro é necessário para a construção de uma fossa - ou um fosso, como prefere dizer o personagem de Lázaro Ramos. Mas para que essa fossa seja construída, é necessário primeiro produzir um filme. Mas por que isso? Por que a prefeitura de uma cidadezinha do interior do Rio Grande do Sul não dispõe de verba para saneamento básico, mas há um dinheiro disponível para a realização de um filme. O jogo, então, é pegar esse dinheiro, fazer o filme e depois usar o restante para fazer a fossa - ou o fosso.

O filme traz momentos bem divertidos, principalmente quando os personagens de Wagner Moura e Fernanda Torres não sabem o que seria um filme de ficção. Ficção Científica? Tem que ter nave espacial ou monstro? Na dúvida, eles acabam fazendo mesmo um filme de monstro. O monstro da fossa. Confusões como essa tornam o filme bem engraçado e a luta deles para conseguir finalizar o filme dá uma idéia da dificuldade de se fazer cinema no Brasil e, principalmente, do quão dispendioso pode ser. Pra completar, SANEAMENTO BÁSICO, O FILME, ainda presenteia os marmanjos com uma pequena surpresa, cortesia da beleza e da gostosura de Camila Pitanga. Pra sair do cinema com um sorriso no rosto.

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