terça-feira, setembro 11, 2007

O HOMEM INVISÍVEL (The Invisible Man)



Entre os mais conhecidos FRANKENSTEIN (1931) e A NOIVA DE FRANKENSTEIN (1935), James Whale filmou essa adaptação da obra de H.G.Wells. O HOMEM INVISÍVEL (1933) é uma obra revolucionária no quesito 'efeitos especiais', introduzindo técnicas de ilusão da invisibilidade que ainda hoje impressionam. O começo do filme é de uma beleza admirável, com o protagonista atravessando uma nevasca com uma pesada roupa de frio, com o rosto todo enfaixado e com óculos escuros. O personagem de Claude Rains adentra uma taberna à procura de um lugar para dormir. A fotografia de Arthur Edeson impressiona não apenas pelo belo preto e branco - ele é o diretor de fotografia de CASABLANCA e O FALCÃO MALTÊS -, mas também pela eficiência em disfarçar os enxertos dos efeitos visuais de modo que não destoe do tom geral da imagem.

Quanto ao aspecto narrativo, o filme cai um pouco no final, com as tentativas da polícia de capturar o Homem Invisível. Pra mim, o último grande momento do filme é a cena em que o perverso Jack Griffin, o Homem Invisível, assassina o seu rival com requintes de crueldade numa cena em que um carro é jogado ladeira abaixo. A cena ficou tão boa que foi reaproveitada em outros filmes da Universal. Gosto bastante também da única cena em que Griffin encontra-se com sua namorada, interpretada pela Gloria Stuart. Interessante que eu vi recentemente a Gloria em O PRISIONEIRO DA ILHA DOS TUBARÕES, do John Ford, e fiquei também admirado com sua beleza e candura. No entanto, a alma do filme é mesmo Claude Rains, que ficou mais conhecido por seu papel em CASABLANCA, mas se não fosse por O HOMEM INVÍSIVEL ele não teria se tornado um ator premiado. No filme de James Whale, o ator teve que se virar apenas com a sua voz marcante e exageradas expressões corporais que funcionaram perfeitamente para o papel.

Se A MÚMIA tinha uma estrutura similar a DRÁCULA, O HOMEM INVISÍVEL guarda similaridades com FRANKENSTEIN. E o documentário presente no dvd faz essa correlação entre os dois filmes. Ambos lidam com cientistas loucos, suas noivas preocupadas e o amigo interessado na mulher. O documentário de cerca de 40 minutos é mais sobre a carreira de James Whale do que propriamente sobre o filme em si e há trechos de DEUSES E MONSTROS, de Bill Condon, em vários momentos. Só não sei se cabe o documentário mostrar declarações de Ian McKellen, como se ele fosse algum especialista em Whale. Bom, talvez ele seja.

Assim como aconteceu com A MÚMIA e FRANKENSTEIN, O HOMEM INVISÍVEL também se transformou numa lucrativa franquia para a Universal. Interessante que quem interpretou o Homem Invísivel no filme seguinte foi um jovem Vincent Price. As seqüências se chamaram: THE INVISIBLE MAN RETURNS (1940), THE INVISIBLE WOMAN (1940), INVISIBLE AGENT (1942) e THE INVISIBLE MAN'S REVENGE (1944). Dizem que o sucesso desses filmes se deve ao fato de que eles lidam com a nudez, o que acaba sempre aguçando as fantasias da audiência. Não por acaso, obras mais recentes como O HOMEM SEM SOMBRA, de Paul Verhoeven, e a graphic novel "As aventuras da Liga Extraordinária", de Alan Moore e Kevin O'Neill, associam a invisibilidade com a sexualidade.

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