quarta-feira, setembro 05, 2007

LICENÇA PARA CASAR (License to Wed)



Sabe aquelas vezes em que você sai do cinema morrendo de vergonha, totalmente constrangido com o que você acabou de ver? Ontem aconteceu comigo. Saí correndo da sala assim que o filme deu pistas de anunciar o seu fim. Saí rapidamente, como se para me livrar de algum efeito venenoso ou como se uma barata tivesse passado pelo meu corpo. Na verdade, eu só resolvi ir ao cinema ontem para não ter que ir logo para casa. O Hulk, o cachorro lá de casa, foi vendido e o vazio da ausência dele estava me incomodando na segunda-feira. O peso que oprimia meu coração, algo que surpreendeu até a mim mesmo, fez com que eu me mantivesse afastado de casa por mais algum tempo e optasse por uma sessão em horário mais conveniente pra mim.

Até que eu havia me interessado um pouco por LICENÇA PARA CASAR (2007) pelo fato de ter o John Krasinski no elenco. Também comparecem outros atores da turma de THE OFFICE, como a Angela, a Kelly e o Kevin - melhor falar o nome dos personagens da série, já que se eu falar o nome dos atores ninguém vai conhecer mesmo. O filme tenta resgatar a verve cômica de Robin Williams, coisa que infelizmente não funciona. Uma pena, já que eu gosto do Williams. Nesse filme, ele interpreta um pastor meio parecido com padre - sempre fico confuso com os sacerdotes mostrados nos filmes americanos e europeus - que é procurado para fazer o casamento do casal de pombinhos vivido por Krasinski e Mandy Moore. A relação dos dois é tão perfeitinha e cheia de dengo que desde o começo eu já fiquei um pouco enjoado, mas até então tudo bem, já que sempre se deve dar uma chance aos filmes. Segundo o pastor, os noivos só poderão se casar naquela igreja se conseguirem sair aprovados num curso ministrado pelo próprio pastor. As tentativas de fazer rir do filme se devem às técnicas do pastor de colocar à prova a relação dos noivos, proibindo-os até mesmo de fazerem sexo. E para que isso funcione, vale tudo, até implantar uma escuta no quarto deles.

Talvez o único momento que arrancou alguma risada de mim foi a cena dos bebês-robôs grotescos. Mas isso é muito pouco pelas intenções do filme. É aí que entra aquela teoria de que a comédia americana está falida, precisando de uma reformulação urgente. Isso em se tratando de cinema, já que as séries de tv ainda conseguem ser criativas e engraçadas, caso da supracitada THE OFFICE. O próprio Robin Williams, nesse filme, parece velho, ultrapassado, pondo em risco até as melhores coisas que ele fez no passado. E olha que eu sou daqueles que gosta até de PATCH ADAMS (1998)! Bom, pelo menos, ao ver as cenas excluídas que passam nos créditos finais, as gravações parece que foram divertidas para o elenco. Mas acho que só para eles.

P.S.: Está no ar a edição de número 12 da Revista Zingu!, que destaca o dossiê Costinha, cuja especialidade eram as famosas piadas de bichinha. Inesquecível. A Zingu! colocou alguns links do youtube pra gente matar a saudade e ainda colocou uma entrevista com o genial humorista. Outros destaques: Marcelo Carrard escrevendo sobre Asia Argento, a filha do maestro; sobre PORNO HOLOCAUST, de Joe D'Amato; e sobre os "The Last House..." movies. Tem também um texto-homenagem ao mestre Michelangelo Antonioni, escrito por Filipe Chamy.