sexta-feira, junho 29, 2007
TIME - O AMOR CONTRA A PASSAGEM DO TEMPO (Shi gan / Time)
Ainda que tenha os seus admiradores, Kim Ki-duk é um dos cineastas mais malhados dos últimos anos. O primeiro filme dele que foi exibido em Fortaleza - PRIMAVERA, VERÃO, OUTUNO, INVERNO...E PRIMAVERA (2003) - já me causou antipatia a partir do título. Tanto que preferi não assistir. Assim, meu primeiro contato com o cinema do sul-coreano foi com CASA VAZIA (2004), um filme razoável, que trabalha de maneira interessante os silêncios, conseguindo se fazer entender sem a ajuda das palavras, o que já é um mérito. Quando O ARCO (2005) estreou, resolvi pular também. Não tive tempo nem disposição para assistir. TIME - O AMOR CONTRA A PASSAGEM DO TEMPO (2006) foi o filme que me mostrou o lado embusteiro de Ki-duk. Foi quando eu vi o quanto o sujeito é o picareta que certa parte da crítica diz ser.
A estória de TIME de início parece um episódio de NIP/TUCK narrado do ponto vista dos pacientes. Na trama, um casal sofre com o desgaste provocado pela rotina da relação. A mulher acredita que o rapaz não gosta mais dela como antes. Ele teria enjoado dela, teria se cansado de olhar sempre para o mesmo rosto todos os dias. Ela acredita que se fizesse uma cirurgia plástica e mudasse o seu rosto, ele voltaria a ficar interessado por ela. Assim, ela some da vida dele por uns meses, faz a tal cirurgia para só aparecer de novo seis meses depois.
No começo, TIME é bem interessante. Talvez a maior qualidade do filme seja conseguir manter o interesse do espectador até o final, sem deixá-lo com sono ou entediado. Gosto da fotografia também, mas essa beleza plástica já virou quase uma marca do cinema sul-coreano, não sendo mais nenhuma novidade. O problema é que o que começa como algo intrigante vai se tornando ridículo, involuntariamente cômico, à medida que se aproxima do final. Inclusive, diria que se a intenção do diretor era fazer uma comédia, até que TIME poderia ser considerado um bom filme. Mas duvido que essa tenha sido sua intenção.
P.S.: Está no ar a edição de julho da Zingu! O destaque do mês é o dossiê Rubem Biáfora, trazendo vários textos do crítico e cineasta. Como se os textos do homem e os depoimentos de André Setaro e Sergio Andrade não fossem suficientes, a Zingu! ainda conta com uma entrevista com Alfredo Sternheim, Astolfo Araújo e Edu Janks falando sobre o Biáfora, além de uma entrevista do próprio. O trabalho de Matheus Trunk e sua trupe é de tirar o chapéu.
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