terça-feira, maio 22, 2007

PROIBIDO PROIBIR



Eis um filme cheio de falhas, mas cujas qualidades acabam conquistando o espectador. Bom, ao menos essas qualidades me conquistaram. Inclusive, cheguei ao final da sessão com os olhos marejados, sensibilizado com o plano final. PROIBIDO PROIBIR (2006) é o segundo longa-metragem de Jorge Durán, o cineasta que há mais de vinte anos realizou A COR DO SEU DESTINO (1986). Não sei porque ele demorou tanto para fazer o seu segundo longa, mas num país onde fazer cinema é coisa de herói, nem é preciso procurar saber a razão dessa demora. O importante é que ele fez um belo trabalho.

A presença de Caio Blat dá força ao filme. Atualmente, o jovem ator tem sido figurinha constante nos nossos cinemas. Só nesse ano, é possível vê-lo também em BAIXIO DAS BESTAS e BATISMO DE SANGUE. É um ator que tem se destacado pela coragem em abraçar produções ousadas, mesmo que o resultado de alguns desses filmes não seja lá grande coisa, como foi o caso de CAMA DE GATO (2002). Em PROIBIDO PROIBIR, é ele quem muitas vezes precisa carregar o filme nas costas, tentando compensar a pouca força de interpretação de seus parceiros Alexandre Rodrigues e Maria Flor. A bela Maria Flor até tem momentos de dramaticidade bastante comoventes, mas não chega a convencer como namorada de Rodrigues ou quando ela fica sensibilizada com os problemas de um adolescente pobre da favela que corre o risco de ser assassinado pela própria polícia.

Muita gente acha, tanto por causa do título, quanto pelo aspecto bicho-grilo de Caio Blat, que PROIBIDO PROIBIR é um filme que se passa na década de 60. Não é. Apesar de muitos dos valores e ideologias que ganharam mais força naquela década serem novamente postos em discussão, o clima geral do filme é de desencanto. Agora que temos a nossa democracia, vemos que as coisas não melhoraram muito. Assim, vemos um monumento fantástico como o Museu de Arte Moderna de Niterói estar quase que destruído por vândalos e pelo descaso do Governo; vemos os pobres morrendo tanto nos hospitais quanto nas ruas e ninguém se importar; vemos a polícia se confundindo com os bandidos. E isso é o Brasil atual.

Tudo isso é muito importante, mas o eixo principal do filme gira em torno do triângulo amoroso dos três amigos. Temos o estudante de medicina que adora fumar uns baseados e tomar umas bolas que divide o apartamento com seu melhor amigo, um rapaz negro estudante de sociologia que está namorando uma bela estudante de arquitetura. Nem é preciso dizer o que acontece, mas o que importa é que o filme não entra no lugar comum e explora muito bem a tensão que existe na tal paixão "proibida" que surge. Em vários momentos, o filme parece que vai naufragar de vez mas sempre acaba ressurgindo e mostrando que ainda tem momentos bonitos, como a delicada seqüência final.

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