segunda-feira, fevereiro 12, 2007
PECADOS ÍNTIMOS (Little Children)
Alguns amigos até me avisaram dizendo que era ruim e tal, mas como resistir a um filme que traz no elenco duas de minhas musas favoritas? E ainda por cima com um marketing em cima das cenas de sexo de Kate Winslet? Sem falar que o trailer do filme também é bastante atraente e criativo, utilizando apenas imagens e o som de um trem, meio que simulando um orgasmo. Diferente do trailer, que opta por não usar palavras, PECADOS ÍNTIMOS (2006) tem uma estreita relação com a literatura, seja pelas referências a "Madame Bovary", seja pela própria narrativa em terceira pessoa, que pode desagradar a muitos que consideram esse tipo de recurso anti-cinema. Não sou tão radical e acho que alguns dos melhores clássicos do passado se utilizam desse artifício e acabam por enriquecer ainda mais a obra. No caso do filme de Todd Field, essa narração é até interessante e não é por causa dela que o filme não se sustenta a partir de seu desenvolvimento.
PECADOS ÍNTIMOS gira em torno de três figuras principais que se encontram. Temos uma mestra em literatura (Kate Winslet) que fica em casa cuidando da filha pequena e cujo marido é um executivo que tem uma obsessão por uma modelo pornográfica da internet; há um sujeito desempregado e loser assumido (Patrick Wilson) que cuida do filho, enquanto a esposa (Jennifer Connelly) sai para trabalhar; e um outro recém saído da prisão por atentado ao pudor (Jackie Earle Haley). A cidadezinha vive num constante estado de paranóia por causa da presença desse maníaco em seu meio. É nesse cenário que Kate Winslet e Patrick Wilson se conhecem, se apaixonam e mantêm um caso.
Seguindo a trilha de BELEZA AMERICANA, embora longe de ter o mesmo brilho, PECADOS ÍNTIMOS é mais um filme a trabalhar o universo loser americano. Mas diferente de um PEQUENA MISS SUNSHINE, o filme de Todd Field não me fez simpatizar com nenhum dos personagens, coisa que eu considero importante para que se estabeleça uma maior cumplicidade entre espectador e personagem. PECADOS ÍNTIMOS acaba por engrossar a lista de filmes a mostrar personagens burros. Mas como o filme trata de "criancinhas" (little children), essa burrice - ou ingenuidade, que seja - poderia até se justificar. Mas nada justifica o nível de retardamento mental do personagem de Wilson numa das seqüências finais, envolvendo um skate. Chega a ser um negócio inverossímil.
Agora, sem querer enrolar muito, sabe o que mais me deixou frustrado com o filme? Foi a fraca cena de sexo entre Kate e Patrick Wilson. Eu que esperava algo no mínimo "quente" acabei vendo apenas uma única seqüência um pouco mais erótica mas que acaba mostrando apenas a bunda do rapaz e fica devendo os dotes físicos da Kate. O que sobra são as ótimas interpretações de Kate Winslet e de Jennifer Connelly, que pegou um papel ingrato, aparecendo pouco e sempre como a antipática e certinha da relação. O drama do maníaco, sinceramente não me comoveu, nem a cena final me deixou de maneira nenhuma chocado ou surpreso. Algo me diz que esse filme de Field vai se tornar tão esquecível quanto ENTRE QUATRO PAREDES (2001), seu trabalho anterior. Desse eu já não me lembro de mais nada.
PECADOS ÍNTIMOS recebeu três indicações para o Oscar: atriz (Kate Winslet), ator coadjuvante (Jackie Earle Haley) e roteiro adaptado (do diretor Todd Field e do autor do livro Tom Perrota).
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