quarta-feira, dezembro 27, 2006
CAMINHO PARA GUANTÁNAMO (The Road to Guantanamo)
Não me incomodo com filmes políticos de tom panfletário que querem impor uma verdade. Se o realizador acredita nessa "verdade", o seu trabalho já merece algum respeito. Filmes assim, se não chegam a ser uma obra de arte, ao menos funcionam como aditivo ao jornalismo, mostrando para o espectador algo digno de indignação e revolta. CAMINHO PARA GUANTÁNAMO (2006) pertence a essa categoria, ainda que algumas coisas permaneçam confusas ao término do filme. De todo modo, poucas coisas são mais revoltantes que ver pessoas inocentes presas e sofrendo as piores torturas durante um longo período (dois anos e meio).
O incansável Michael Winterbottom - dessa vez trabalhando com um co-diretor, Mat Whitecross - aponta sua câmera em estilo documental para um evento de vital importância para a história conteporânea: a represália americana contra os terroristas depois do atentado de 11 de setembro. George Bush - o primeiro rosto a aparecer no filme - bombardeia os pobres coitados habitantes do Afeganistão, que já não tinham sequer o que comer, em busca de Osama Bin Laden, do Al Qaeda e dos Talibãs.
Dentro desse contexto, quatro jovens ingleses de origem paquistanesa decidem viajar para o Paquistão para o casamento de um deles. Não me lembro bem por qual razão - nesse ponto o filme foi pouco claro - eles decidem dar um pulinho no Afeganistão. (Parece que eles queriam se unir às tropas afegãs contrárias aos talibans.) Ao chegarem lá, depois de um deles ter uma baita duma diarréia por causa daquela comida podre e cheia de moscas de lá, eles ainda levam o azar de serem confundidos com membros do Al Qaeda. Os rapazes são torturados e passam por situações perturbadoras, como no momento em que os militares colocam os afegãos num caminhão, atiram na porta do veículo para matar vários deles e dar um pouco de saída de ar para os que sobreviveram aos tiros.
Esse e outros tipos de perversidade cometida pelos americanos e britânicos são até difíceis de acreditar. Como também é difícil de entender por que diabos esses três amigos foram parar naquele lugar esquecido por Deus, o Afeganistão. Só sendo muito estúpidos mesmo. Também fiquei confuso ao saber que os Estados Unidos têm uma base militar em Guantánamo, Cuba. Até pouco tempo atrás os dois países não eram inimigos? Agora eles são aliados? Devo ter perdido alguma coisa no noticiário internacional nos últimos anos. Definitivamente, as coisas hoje são bem mais complicadas.
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