terça-feira, setembro 26, 2006

TERROR EM SILENT HILL (Silent Hill)



Um dos melhores filmes do ano, TERROR EM SILENT HILL (2006), de Christophe Gans, é daquelas obras que fornecem prazer estético para quem se permitir curtí-lo. O filme me conquistou logo na seqüência de abertura, em que Radha Mitchell está à procura da filha sonâmbula num bosque. Em certa altura, a câmera mergulha no abismo. Naquele momento, eu percebi que esse filme era especial.

Pra mim, não se trata nem de um filme tão assustador. O que eu mais gostei foi do tratamento visual, que lembra em alguns momentos os filmes do Lucio Fulci, só que com mais requinte e mais luxo. Por isso que eu recomendo a todos que vejam o filme no cinema, de preferência na melhor e maior sala da cidade. E melhor ainda se você ficar sentado mais perto da tela para "entrar" com mais facilidade em seu universo fantástico e se deleitar com suas belas imagens.

TERROR EM SILENT HILL é, sem sombra de dúvida, o melhor filme baseado num game já realizado. Nem falo de adaptação, já que eu nunca me liguei em videogame e não conheço o jogo, mas do filme em si, que tem vida própria e uma atmosfera de pesadelo constante. O filme é um projeto multinacional (Canadá, França, Estados Unidos e Japão). A companhia japonesa Konami é detentora dos direitos do videogame e Gans teve que insistir muito para que o projeto saísse do papel, tendo inclusive produzido por conta própria uma cena para mostrar como seria o filme. Uma pena que Chritophe Gans demore tanto tempo para realizar seus filmes. Seis anos separam COMBATE - AS LÁGRIMAS DO GUERREIRO (1995) de PACTO DOS LOBOS (2001), e mais cinco anos separam PACTO DOS LOBOS de SILENT HILL.

Roger Avary, além de ser um ótimo roteirista (PULP FICTION é obra dele), também tem grandes filmes como diretor. Quer dizer, ele é um cara que sabe não apenas criar boas falas e situações; sabe também pensar através de imagens. Tanto que SILENT HILL quase não tem diálogos. Só lá pelo final é que começa a haver mais falas, até para explicação do que estava acontecendo. Mas os primeiros dois terços do filme são delírios visuais. E o que é melhor: temos o prazer de ver Radha Mitchell mais linda do que nunca correndo o tempo todo. A mulher, mesmo quando está coberta de sangue e cinzas continua linda. E que excelente atriz ela é. Ela confere verdade à personagem da mãe que vai com a filha a uma cidade fantasma com o objetivo de tentar entender os pesadelos recorrentes da menina.

E é interessante como o filme é das mulheres. Christophe Gans só aceitou que houvesse o personagem do marido de Radha por imposição do estúdio. Por ele, o filme seria inteiramente estrelado por mulheres. Mulheres e monstros. O monstro-mor do filme é aquele grandão que tem na cabeça uma pirâmide que faz com que ele se pareça com um deus egípcio. Impressionante a cena em que ele arranca a pele de uma pessoa de uma só tacada. Porém, acredito que o motivo da censura 18 anos do filme tenha sido a cena da fogueira. Se nos filmes da Joana D'Arc, ou em DIAS DE IRA, do Dreyer, eu já me sentia em agonia com a cena da morte, nesse filme pude ver com detalhes o efeito do fogo sobre a carne da vítima. E outro detalhe interessante é que o demônio no filme é mais gente boa do que o grupo de fanáticos.

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