terça-feira, setembro 19, 2006
A CASA DO LAGO (The Lake House)
"There is something that you should know
Girl of your dreams is
Here all alone
The girl of your dreams is
Sad and is all alone"
(Morrissey - "Southpaw")
Quando estou sozinho, costumo acreditar que em algum lugar do mundo a mulher dos meus sonhos está vivendo a sua vida, provavelmente também insatisfeita e sentindo-se incompleta. Não sei se acredito em alma gêmea, mas acredito em química perfeita entre duas pessoas, o que talvez seja a mesma coisa. O cinema, como forma de arte mais próxima do sonho, tem o poder de tornar real aquilo que só existe em nossa imaginação. No cinema, o que é impossível torna-se possível. O tema do amor impossível e que ultrapassa barreiras, tantas vezes utilizado em uma infinidade de filmes, de vez em quando encontra uma brecha original. A CASA DO LAGO (2006), de Alejandro Agresti, é uma dessas obras. Na verdade, o filme propriamente dito nem é tão original assim, já que trata-se de uma refilmagem do coreano SIWORAE (2000), mas para nós, espectadores ocidentais, essa é uma história bem nova. E duvido que o filme coreano tenha a mesma delicadeza do filme de Agresti.
A CASA DO LAGO é a história de duas pessoas separadas pela barreira do tempo. Dois anos os separam; uma caixa de correio os une. Keanu Reeves está em 2004, Sandra Bullock, em 2006. Ambos na mesma casa. O principal objetivo dos dois é encontrar uma maneira de driblarem o destino e se encontrarem. O que me pareceu um pouco vago no filme foi o momento em que eles iniciam a troca de correspondências. Na minha cabeça, ficou nublado o ponto inicial do relacionamento epistolar dos dois. Não lembro quem começou primeiro a escrever e de que maneira. Porém, essa "névoa" torna o filme ainda mais mágico, mais próximo do sonho.
Agresti fez um trabalho brilhante de manipulação da audiência - no bom sentido do termo . Ao mesmo tempo em que há uma preocupação para que o público entenda as alternâncias de tempo para poder "entrar" na história, em alguns momentos há a intenção mesmo de confundir, como na cena do aniversário dela, ou no momento em que ela procura uma imobiliária, lá pelo final do filme. No meio de tudo isso, destaco uma cena maravilhosa, que é a do momento em que os dois se encontram no alpendre. Ele sabia quem era ela; ela não fazia a menor idéia de quem era ele. E ele não podia falar muito, sob o risco de mudar o curso do destino, podendo inclusive, matar a relação dos dois. Pra mim, essa é a grande seqüência do filme, a que o justifica.
Há poucos coadjuvantes na trama. Os que mais se destacam são: a médica interpretada por Shohreh Aghdashloo, o pai do personagem de Keanu Reeves, interpretado por Christopher Plummer, e Dylan Walsh, de NIP/TUCK, vivendo o namorado de Sandra Bullock. Eles servem mais de apoio para que o filme não se sustente apenas na troca de correspondências do casal. Mesmo nas seqüências de correspondência, há toda uma dinâmica no modo como o casal se comunica.
Deu um pouquinho de trabalho pra eu ver esse filme. A CASA DO LAGO esteve entre as estréias dessa semana em Fortaleza. Pelo roteiro cultural, o filme estaria passando em duas salas: no Shopping Iguatemi e Shopping Aldeota. Sábado eu estava meio cansado e revoltado com algumas coisas e queria ver um filme especial. Soube atráves de um amigo que o filme não estava passando no Iguatemi; assim, fui para o Shopping Aldeota logo no começo da tarde. O que aconteceu foi que a cópia do filme ainda não havia chegado na cidade. Voltei para casa frustrado. À noite, minha irmã foi ao cinema e me conta que conseguiu ver o filme no Iguatemi. A cópia já havia chegado. Assim, no domingo, vi o filme, numa dobradinha com ABISMO DO MEDO. Não foi o tipo de filme para me fazer chorar - talvez por causa da trama um pouco intrincada - mas ainda assim foi bom demais. E como eu sou fascinado por temas como viagens no tempo e afins, o filme inteiro pra mim foi um deleite.
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