quarta-feira, agosto 16, 2006
DENNIS HOPPER EM DOIS FILMES
"Heads are going to roll, the old order is going to fall, all you dinosaurs are going to die."
(Dennis Hopper)
Dennis Hopper estreou na direção de filmes com o hoje clássico SEM DESTINO (1969). Desde então, ele dirigiu apenas mais sete longas, sendo que um deles - ATRAÍDA PELO PERIGO (1990) - foi creditado a Alan Smithee devido a discussões com os produtores. A fama de briguento de Hopper não é de hoje. Ele foi um dos maiores rebeldes do cinema. Defendia uma mudança radical na indústria e a saída de cena dos "dinossauros" para a entrada dos cineastas novos e mais influenciados pelo cinema moderno europeu e pela contracultura.
SEM DESTINO (Easy Rider)
Junto com BONNY & CLYDE, SEM DESTINO foi o filme que deu o pontapé inicial para a revolução que se formou no cinema americano na década de 70. Se pensarmos bem, foi mesmo uma mudança e tanto entregar a direção de filmes a gente como Dennis Hopper e Peter Fonda, caras que bebiam e tomavam tantas drogas que não pareciam suficientemente responsáveis para encarar uma produção de primeira linha. Felizmente, o estilo de vida dos dois caiu como uma luva para o tipo de filme que eles pretendiam fazer. A idéia de SEM DESTINO veio de Peter Fonda, que na época já fazia alguns filmes de baixo orçamento sobre motociclistas. Ele ligou para Dennis às quatro e meia da manhã e sugeriu que os dois fizessem o filme juntos. Peter seria o produtor, Dennis, o diretor e os dois fariam o roteiro e protagonizariam o filme. Assim, daria para economizar alguns trocados e baratear o custo.
Hoje o filme é bastante associado à canção "Born to Be Wild", do Steppenwolf. Realmente a canção tocando nos créditos dá uma sensação gostosa de entusiasmo pelo que viria a seguir; anima o espectador. De propósio, o filme se parece com um western. Inclusive, os nomes dos personagens são Billy (de Billy The Kid) e Wyatt (de Wyatt Earp). SEM DESTINO não é um filme em que a estória tenha um papel fundamental. Segue apenas os dois amigos dirigindo suas motos pelo interior dos EUA, fumando maconha, cheirando cocaína, conhecendo pessoas e arrumando encrenca na maior parte das vezes. Dos que cruzam o caminho dos dois, o grande destaque é mesmo Jack Nicholson. A seqüência da viagem de ácido é uma das mais memoráveis do filme, junto com a parada em Mardi Gras e o final abrupto. O filme fez muito sucesso de bilheteria na época, o que levou Hopper a dirigir THE LAST MOVIE (1971), um de seus maiores fracassos.
ANOS DE REBELDIA (Out of the Blue)
Depois do fracasso de bilheteria e de toda a confusão que rolou com THE LAST MOVIE, Dennis Hopper volta à direção nove anos depois com o pessimista ANOS DE REBELDIA (1980), lançado em DVD no Brasil pela Aurora. O filme acompanha a vida de uma jovem de 15 anos (Linda Manz), fã de Johnny Rotten e Elvis Presley e que tem uma tendência para o lesbianismo. Ela tem um pai que está preso (o próprio Hopper) e uma mãe viciada em drogas. A menina sonha em não ter mais que estudar e nem ter que obedecer a ninguém. Assim como em SEM DESTINO, Hopper, apesar de lidar com tragédias, não mostra nenhum traço de sentimentalismo. O final é bem condizente com a canção de Neil Young que abrilhanta a trilha sonora: "It's better to burn out than to fade away", canção que, não por acaso, também serviu de inspiração para o suicídio de Kurt Cobain.
Nenhum comentário:
Postar um comentário