sábado, junho 10, 2006
A PROFECIA (The Omen / The Omen 666)
Quando um filme é xingado a torto e a direito, a tendência que a gente tem é mesmo ir ao cinema achando que vai ver um lixo. Às vezes essa expectativa negativa acaba funcionando como vantagem para o filme. É o caso de A PROFECIA (2006), de John Moore, remake do hoje clássico de Richard Dooner. Quando o filme começou, eu confesso que estava com um pouco de má vontade. Aquela criança no começo não me convenceu de jeito nenhum como o anticristo e a trama me pareceu bastante forçada. Mas chega uma hora que o filme se ergue e os sustos aparecem. O drama do pai que tem que matar o próprio filho para livrar o mundo do demônio acabou por me deixar bastante envolvido. Diria que mais até do que o filme original. Claro que o fato de eu ter visto o original apenas em DVD contribui muito. Quanto ao garotinho, lá perto do final ele se torna mesmo assustador. E tem aquele cachorro preto que fica dentro da casa, que é de arrepiar tudo quanto é cabelo.
Interessante que normalmente eu me sinto incomodado com filmes que trazem profecias sobre o Apocalipse. Alguns são extremamente ridículos. O caso mais gritante seria o de FIM DOS DIAS, aquele lixo que trazia o Schwarzenegger enfrentando o capeta e que se aproveitava do fim do milênio. Dessa vez, eu até achei interessante o roteirista ter comparado eventos atuais como a queda das torres gêmeas e o tsunami na Ásia com trechos do Apocalipse. Se bem que eu sei que essas interpretações devem ter sido copiadas das idéias de alguma igreja evangélica.
Quem substitui Gregory Peck e Lee Remick nesse remake são Liev Schrieber e Julia Stiles. Julia aparece um pouco mais gordinha, mas gostei muito da entrega dela à personagem. Deu pra ver que ela estava levando a sério o filme na cena em que ela chora com medo do próprio filho. Ela não sabe que o menino não é seu filho biológico, mas sabe que ele possui uma natureza maligna. (Suspeito que uma mãe que planeja adotar uma criança, deve desistir da idéia depois de ver o filme.)
Um dos maiores problema desse novo A PROFECIA é mesmo o excesso de reverência à obra original. Muito pouco foi mudado, mas algumas coisas foram mudadas para melhor. Por exemplo, a seqüência da tempestade que vai por fim à vida do padre vivido por Pete Postlethwaite é um primor de construção atmosférica. Chamarem Mia Farrow para interpretar a babá também foi uma boa sacada, já que depois de dar à luz o filho do capeta em O BEBÊ DE ROSEMARY, nada mais natural do que ajudar na criação do Anticristo. Claro que muita coisa poderia ser melhorada ou acrescentada no filme, mas acredito que John Moore fez um bom trabalho. Engraçado que eu fui um dos poucos que gostaram de um filme anterior do diretor, ATRÁS DAS LINHAS INIMIGAS (2001). Pela lógica, acho que vou gostar de O VÔO DA FÊNIX (2004) também.
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