sábado, junho 03, 2006
O MUNDO DE JACK & ROSE (The Ballad of Jack & Rose)
Os últimos dias não têm sido fáceis. Ando meio nervoso e com dificuldade de controlar a ansiedade. Ontem quase não agüentei a pressão lá no trabalho. Hoje, tirando o curso de espanhol pela manhã e a ida à locadora e à comic shop, passei o resto do dia trancafiado em casa. A fim de acalmar o aperto no peito, uma injeção de rock and roll (The Doors, Smashing Pumpkins, U2, Nirvana) com o volume alto trouxe certo alívio. Não tive coragem, ânimo ou disposição de ir ao Cine Ceará. Além de não ter me animado nada com esse novo formato - ibero-americano -, o festival não deixa de ser um evento social. E imagina só: eu, ansioso do jeito que estou, me sentar para ver documentário peruano ou equatoriano! E eu fico com medo de não me sentir bem estando sozinho num evento social, em que é de praxe contar com o atraso na exibição dos filmes. Dói mais sentir-se solitário no meio da multidão. Acho que estou passando pelo chamado inferno astral, período que antecede o mês do meu aniversário. Enquanto isso, vou me agüentando por aqui. A leitura de "A Semente de Mostarda" tem ajudado.
Entre os filmes que aluguei está O MUNDO DE JACK & ROSE (2005), belo trabalho de Rebecca Miller, filha do dramaturgo Arthur Miller e um dos principais nomes do cinema independente americano na atualidade. Esse é o seu terceiro filme na direção. Os primeiros - ÂNGELA - NAS ASAS DA IMAGINAÇÃO (1995) e O TEMPO DE CADA UM (2002) - vi em vídeo e no cinema, respectivamente. A diretora está mostrando uma evolução a cada trabalho. Os belos travellings introdutórios ao som de "I put a spell on you" não me deixam mentir. A canção aparece tanto na versão do Creedence Clearwater Revival quanto na de Nina Simone. Nesse terceiro longa, Miller conta ainda com a excepcional interpretação de Daniel Day Lewis, com a beleza jovem e inocente de Camilla Belle (que está ainda mais bela em QUANDO UM ESTRANHO CHAMA) e o talento de Catherine Keener.
Na trama, pai (Day Lewis) e filha (Camilla), isolados numa ilha que nos anos 60 fora uma comuna, têm a sua rotina mudada quando uma mulher (Keener) e seus dois filhos são convidados a viver juntos na mesma casa. Day Lewis faz um homem com problemas no coração e que sabe que não vai ter muito tempo de vida. A filha ama tanto o pai que costuma dizer que no dia em que o pai morrer, ela morrerá junto. Há uma sexualidade reprimida na relação entre pai e filha.
Acho interessante essa idéia de comuna. Talvez por influência dos livros do Osho. Embora muitas tentativas de se criarem comunas tenham ido por água abaixo, creio que a idéia não deveria ser posta de lado, apesar de todas as dificuldades e embargos impostos pela sociedade capitalista e pelos governantes.
Quanto ao filme - e resumindo - apesar das qualidades, ainda falta um pouco para que a diretora apresente um filme de fato excelente. Pena que o DVD está em tela cheia. Ao menos a qualidade da imagem está boa, fazendo jus a belíssima fotografia. Outro problema do DVD (da Imagem Filmes) é que a gente é obrigado a assistir os trailers para só então podermos acessar o menu.
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