sexta-feira, maio 19, 2006
ROGOPAG - RELAÇÕES HUMANAS (Ro.Go.Pa.G.)
Acabei vendo ROGOPAG (1963) mais por causa do nome de Godard no projeto, já que estou fazendo uma peregrinação pela sua obra. Acabou sendo também a chance de ver pela primeira vez algo do Rossellini. Engraçado que a tendência desses filmes de segmentos, por mais talentosos que sejam os diretores, a tendência é resultar num produto morno e às vezes sem unidade. No caso de ROGOPAG, parece que não havia mesmo intenção dos produtores de dar unidade ao filme. Os quatro diretores convidados para o projeto fizeram curtas totalmente diferentes entre si. Eu gostei mais dos episódios de Rossellini e, principalmente, de Godard. Os outros me deram sono e inquietação.
"Pureza"
de Roberto Rossellini
Uma jovem aeromoça sofre o assédio de um executivo americano que fica obcecado por ela. O final é bem resolvido, mas não entendi porque um cineasta de renome como o Rossellini fez um filminho tão desprentensioso como esse. Bom, como nunca vi nada do diretor, não sei se há uma coerência desse episódio com a sua obra. Em 1963, ele já havia passado do seu auge.
"O Mundo Novo"
de Jean-Luc Godard
De longe, o melhor dos quatro. Infelizmente, esse curta serviu como ensaio para que Godard fizesse o chato ALPHAVILLE (1965). Mas o que importa é que "O Mundo Novo" é uma delícia e é a cara do diretor. A trama se passa no futuro, quando o mundo se vê diante de um holocausto nuclear. O filme tem uma atmosfera de sonho que muito me agradou. Não dá pra fazer uma sinopse pois a história não parece ser a coisa mais importante. Era Godard recém-saído de uma obra-prima - VIVER A VIDA (1962).
"A Ricota"
de Pier-Paolo Pasolini
Gostaria de saber como foi que Orson Welles aceitou participar desse curta de Pasolini. Não que eu considere um absurdo ele ter aceitado. Só queria saber como foi mesmo. Welles faz o papel de um cineasta que realiza um filme sobre a Paixão de Cristo. Bem estranho vê-lo falando em italiano. O protagonista é um rapaz pobre que está interpretando um dos ladrões na crucificação e sente dificuldades para arranjar tempo para almoçar. O humor do filme é bem esquisito e passa a impressão de ter sido feito desleixadamente.
"O Frango Caseiro"
de Ugo Gregoretti
Pra ser sincero, eu nem me lembro direito desse segmento, pois vi com muito sono e com pressa de acabar logo para devolver o DVD na locadora. O diretor Ugo Gregoretti é o menos célebre dos quatro. Seu curta é uma crítica à propaganda. Já li textos sobre ROGOPAG alegando que esse seria o melhor da antologia. O sono deve ter prejudicado a apreciação.
Pelo menos o filme do Godard vi em condições melhores. E em breve, terei o prazer de comentar por aqui O DESPREZO (1963).
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