sábado, agosto 20, 2005

CONFLITOS INTERNOS (Wu Jian Dao / Infernal Affairs)



Não tinha a intenção, mas o meu sobrinho quis tanto dar uma volta de carro e eu acabei indo até a vídeo-locadora. Peguei dois DVDs. Entre eles, CONFLITOS INTERNOS (2002), dirigido por Andrew Lau e Alan Mak e que está sendo refilmado por Martin Scorsese, com o seu fiel e novo parceiro Leonardo DiCaprio, sob o título de THE DEPARTED. Deve sair coisa boa daí. O homem é fera.

E a escolha do filme não foi por acaso. Vendo CONFLITOS INTERNOS, dá pra imaginar como ele ficará nas mãos de Scorsese. Mas vale dizer que do jeito que está, o filme é muito bom. A trama é intrigante. Tony Leung é um policial infiltrado na Triad, a máfia de Hong Kong. Andy Lau é um espião da Triad, infiltrado na polícia. O policial infiltrado já está há tanto tempo com os mafiosos que acabou se tornando um gângster também. Do mesmo modo, o espião da máfia tem simpatia por seus colegas policiais.

Mas a coisa não é tão simples assim. Os personagens são bem complexos e suas ações são inesperadas. Fica difícil traçar o limite entre o bem e o mal nesses dois homens. As duas mulheres da vida deles, ainda que apareçam em poucas cenas, são importantes para que o filme faça uma reflexão sobre o verdadeiro papel deles.

Vejo como uma característica oriental essa coisa de os personagens não expressarem mais abertamente os seus sentimentos nos filmes. Desse modo, fica difícil saber o que os aflige. Diferente do cinema ocidental, que é mais explicativo. Por conta dessa diferença que muita gente não gostou do recente ÁGUA NEGRA, de Walter Salles, que tratou de deixar as coisas bem mais claras, utilizando muito as palavras. Essa necessidade de verbalizar os sentimentos parece não ser parte da cultura oriental. Claro que isso que eu estou dizendo são apenas impressões. Não sou nenhum especialista em nenhuma das culturas. É só uma observação, algo que me passou pela cabeça.

Quanto ao filme, é diversão de primeira: tem muita ação, tomadas bem orquestradas, fotografia linda, trilha sonora ora épica, ora melancólica, e uma história muito boa. O DVD (da Buena Vista) está muito bom, preservando o formato scope do filme. Tem também cerca de vinte minutos de making of e um final alternativo (não tão bom quanto o oficial).

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