sexta-feira, julho 01, 2005

GUERRA DOS MUNDOS (War of the Worlds)



Como Michael Moore falou em TIROS EM COLUMBINE, a paranóia já faz parte da cultura americana desde os tempos da colonização. Quando Orson Welles assustou o país inteiro com a lendária narração em rádio de "Guerra dos Mundos", adaptado da obra de H.G.Wells, no final dos anos 30, o país vivia sob a iminência de uma guerra de enormes proporções, a Segunda Guerra Mundial. Quando estrelou a primeira versão para o cinema de GUERRA DOS MUNDOS (1953), dirigida por Byron Haskin, a paranóia era em relação à Guerra Fria, o medo da bomba atômica. Agora, o medo é dos terroristas, nos EUA pós-11 de setembro. E essa versão de Steven Spielberg lembra tanto o dia da queda das torres gêmeas que, por um momento, eu imaginei que Spielberg seria o cineasta ideal para um dia realizar um filme sobre o fatídico dia.

Apesar da semelhança, de acordo com entrevista que li do roteirista David Koepp, sua intenção não foi atualizar a história para os EUA pós-11/09. Sua intenção era apenas criar personagens criveis e inserí-los na trama de destruição e terror. E terror é uma palavra chave em GUERRA DOS MUNDOS (2005). Spielberg voltou aos tempos de TUBARÃO (1975) e ENCURRALADO (1971) e nos presentou com altas doses de puro horror, num filme empolgante sobre alienígenas tomando de assalto o planeta e provocando destruição em massa. Se bem que Spielberg tinha me deixado aterrorizado também em várias seqüências de JURASSIC PARK (1993), um filme mais recente. Há, inclusive, uma cena de GUERRA DOS MUNDOS que se assemelha à seqüência do velocirraptor no filme dos dinos.

GUERRA DOS MUNDOS também é rico em trabalhar com os temas recorrentes da filmografia de Spielberg, que são a ausência do pai e a recusa ao amadurecimento. Tom Cruise é um pai meio irresponsável, que não sabe cuidar direito de seus dois filhos - Dakota Fanning (demais, essa menina!) e Justin Chatwin (que no começo do filme, eu achava que era irmão dele). Impressionante como o papel combinou com Tom Cruise, um sujeito que parece não envelhecer.

Ao contrário de filmes como JURASSIC PARK ou TUBARÃO, onde Spielberg custava a mostrar os bichões, nesse novo filme, o diretor não demora a mostrar os E.T.s. Quer dizer, inicialmente, o que vemos são os tripods, que se assemelham mais a tanques de guerra bizarros do que propriamente seres orgânicos. Mais na frente é que teremos mais amostras de aliens.

O filme é desses que deixam a gente com os olhos grudados na tela o tempo inteiro. Quase não há pausa para respirar. Ficamos, inclusive, desorientados com o tempo: por causa da manipulação do tempo que os aliens provocavam, em vários momentos não se sabe se é dia ou noite.

No blog do amigo Renato Doho, fã e especialista em Spielberg, ele enfatiza a questão do olhar em GUERRA DOS MUNDOS. Esse é um tema constante nos filmes de Spielberg, desde o segmento "Eyes" (1970) que ele dirigiu para a série de tv NIGHT GALLERY até MINORITY REPORT (2002). O momento mais simbólico desse "olhar" em GUERRA DOS MUNDOS é aquele em que Dakota se vê refletida no "rosto" de um dos alienígenas. O que me levou a pensar que Spielberg quis dizer que os americanos (ou a humanidade em geral) veriam a si mesmos se tivessem que confrontar os "monstros".

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