quinta-feira, julho 14, 2005
A FÚRIA (The Fury)
Um filme inédito de Brian De Palma é sempre uma festa pra mim. Não sei porque eu achava que já tinha visto A FÚRIA (1978) em VHS há muito tempo atrás. Mas vendo em DVD nesses dias, percebi que devo ter confundido com outro filme.
A FÚRIA é uma espécie de continuação de CARRIE (1976), filme que obteve muito sucesso de público e garantiu a De Palma uma produção de primeiro escalão em Hollywood. As semelhanças se devem não apenas à presença de Amy Irving, mas também por conta do retorno ao tema da paranormalidade. Dessa vez, De Palma preferiu fazer um filme com uma história mais complexa. Sua intenção era misturar filmes de suspense/terror com outros de espionagem no estilo OPERAÇÃO FRANÇA, sem deixar de lado o aspecto dramático, já explorado em CARRIE. O resultado não deixa de ser interessante, mas considero A FÚRIA um dos De Palmas menos inspirados. Até se poderia dizer que o diretor ainda estava se exercitando, aprendendo ainda para dar o grande salto nos anos 80, mas ele já tinha feito pelo menos dois filmaços anteriormente, que foram IRMÃS DIABÓLICAS (1973) e O FANTASMA DO PARAÍSO (1974) - não vi TRÁGICA OBSESSÃO (1976) ainda, mas dizem que é ótimo.
De Palma segue homenageando e citando Hitchcock. Há citações de SABOTADOR e LADRÃO DE CASACA na cena de Kirk Douglas e John Cassavetes no telhado e de PACTO SINISTRO na cena do parque de diversões. Perguntado sobre suas referências hitchcockianas, em entrevista constante no fansite Directed by Brian De Palma, ele falou que considera o trabalho de Hitchcock uma gramática. Segundo ele, Hitchcock já havia definido o melhor lugar para se colocar a câmera, os melhores ângulos para se estabelecer uma melhor carga dramática.
Ainda assim, senti falta nesse filme do De Palma mais virtuoso. E a trama do filme também não me empolgou nenhum pouco. Talvez porque eu também não me interesso muito por esse tema da paronormalidade - também não sou fã de SCANNERS, de David Cronenberg, que parece ter bebido na fonte de A FÚRIA. Assim como CARRIE, A FÚRIA também sofre com a falta de uma maior elegância na interpretação dos atores. É tudo muito exagerado, bem distante dos trabalhos do mestre Hitchcock. E nem me refiro à seqüência sanguinolenta final, que até lembra um pouco o estilo Fulci de filmar. De qualquer maneira, ainda que seja um filme menor, não deixa de ser um autêntico De Palma, o que já garante o interesse dos apreciadores.
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