segunda-feira, junho 20, 2005

BATMAN BEGINS

 

Antes de mais nada, confesso que a série de tv dos anos 60, aquela que fazia paródia do herói, foi mais marcante pra mim do que os próprios quadrinhos do Batman. Quero deixar claro que estou me referindo aos quadrinhos de linha, que acompanhei durante um par de anos quando o título começou a ser editado pela Editora Abril, e não às obras-primas clássicas do naipe de "Batman Ano Um" e "Cavaleiro das Trevas" (1 e 2), de Frank Miller; "A Piada Mortal", de Alan Moore; ou "Asilo Arkhan", de Grant Morrison. Os heróis da DC nunca foram tão importantes pra mim quanto os da Marvel. Talvez porque seus heróis se distanciavam mais de nós, meros mortais. Ao contrário dos heróis imperfeitos e humanos criados pelo grande Stan Lee. No caso do Batman, até pode-se dizer que esse distanciamento teve um aspecto positivo para o personagem. Dá a ele uma aura misteriosa, soturna, necessária para o personagem. O que não impediu que, durante boa parte de sua história nos quadrinhos e na tv, muitos roteiristas tenham arranjado um jeito de desmoralizar o herói.  

Quando começa BATMAN BEGINS (2005) e vemos o logo da DC, fica claro que esse filme representa o ponto zero da batalha que a casa do Super-Homem vai travar com a Marvel a partir de agora nas telas. Em sua cola, vem aí SUPERMAN RETURNS e o filme da Mulher Maravilha, os outros dois heróis clássicos da DC, além de WATCHMEN. Com o sucesso dos filmes da Marvel, a DC prepara-se para a desforra. Espero que com essa briga a gente ganhe com cinemão de qualidade e não com cinemas lotados de filmes baseados em HQ enchendo as salas de barulho e estragando os nossos heróis com filmes meia-boca. 

Se eu gostei de BATMAN BEGINS? Bom, fico no meio termo. Achei o resultado frio, sem emoção. Talvez a vontade que se tinha de fazer um trabalho sóbrio, distante do barroquismo de Tim Burton e dos tons carnavalescos de Joel Schumacher, tenha deixado o filme numa camisa de força. A primeira hora, que serviria para trazer as bases para a construção do herói, acaba se revelando a parte mais frágil do filme. Pra uma obra que procura ser realista e séria, os diálogos fracos (principalmente nas partes em que a Kate Holmes fala) e a filosofia barata quase me fazem perder as esperanças pelo filme. Por vezes a trilha sonora parece destoar do filme, tentando tornar as coisas mais dramáticas do que elas realmente são. Também achei muito mal resolvidos os primeiros detalhes da construção da batcaverna, do batmóvel e do uniforme. Nesse aspecto, Sam Raimi foi muito mais feliz com seu HOMEM-ARANHA. 

Felizmente, o filme melhora bastante a partir da trama em torno do Espantalho, de longe o mais legal de todos os super-vilões que já passaram pelos filmes do Batman. Um dos pontos altos de BATMAN BEGINS é a cena em que o vilão joga gases venenosos em toda Gotham City e cria um caos total. Em compensação, o outro vilão, Ra's Al Gul, tem umas motivações ridículas para destruir Gotham. 

Na contabilização, podemos incluir Gary Oldman entre as coisas boas do filme. Sua interpretação do Sargento Gordon lembra o destaque que Frank Miller dá ao personagem em "Batman Ano Um". Michael Caine também merece ser o Alfred nos próximos filmes, assim como o sempre simpático Morgan Freeman, como Lucius Fox. Do Bruce Wayne de Christian Bale, não tenho do que reclamar. O ator tem uma cara de vilão que contribui para tornar o Batman ambíguo, distante dos galãs escolhidos para os dois filmes do Schumacher, o que não deixa de ser uma escolha ousada. Acrescente-se também uma cena eletrizante com o Batmóvel e o filme consegue equilibrar a balança a seu favor. Mas acho isso pouco diante das expectativas e das inúmeras críticas elogiosas que o filme anda recebendo.

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