domingo, maio 01, 2005

PAIXÃO À FLOR DA PELE (Wicker Park)

 

PAIXÃO À FLOR DA PELE (2004), de Paul McGuigan, passou desapercebido nos cinemas. Se tivesse ficado mais tempo em cartaz eu até teria ido conferir. Mas ele só durou uma semana por aqui. Mesmo com esse título brasileiro genérico, em tese seria forte o suficiente para chamar a atenção do público feminino. Quando chegou em DVD, a primeira pessoa a me chamar a atenção pela qualidade do filme foi o Renato, que ficou bastante entusiasmado. Por isso, PAIXÃO À FLOR DA PELE foi para o topo de minha lista de próximas locações. E tenho que concordar com ele: o filme é uma beleza. Ainda bem que a distribuidora do filme, a Playarte, teve o bom senso de trazê-lo em seu aspecto original, em scope. Como o filme é cheio de split screens, ele iria ficar inassistível se tivesse os seus lados cortados. 

A trama envolvendo a obsessão de um homem por uma mulher que some de sua vida ganha contornos hitchcockianos. Lembrei-me de James Stewart em busca do fantasma de Kim Novak em UM CORPO QUE CAI, de Hitchcock. O que me passou pela cabeça quando estava vendo o filme é que ele parece se passar num mundo onde a Lei de Murphy comanda. É como se o universo inteiro conspirasse para que os dois amantes não ficassem juntos. O filme se passa num estranho mundo em que os personagens parecem não ter e-mails e o telefone celular vive fora de serviço. Quando soube que PAIXÃO À FLOR DA PELE era uma refilmagem de um filme francês chamado L'APPARTEMENT imaginei que esse filme fosse no mínimo da década de 80, já que naquela época não havia nem internet nem telefone celular. Mas não. O filme original é de 1996 e tem a Monica Bellucci e Vincent Cassel no elenco. 

Nessa refilmagem americana, Matthew (Josh Hartnett) é um rapaz que experimenta o amor à primeira vista quando vê num vídeo Lisa (Diane Kruger). Nem vou tentar falar mais do que isso, não só para não estragar a surpresa de quem ainda não viu o filme, mas também porque o filme se estrutura em vários flashbacks e fica muito complicado resumir em quatro linhas o seu ponto de partida. O fato de ser um filme "romântico" com uma trama mais complexa o torna bem especial. Não se trata aqui de apenas uma história de amor açucarada. A graça do filme está também em montar o quebra-cabeças à medida que os flashbacks vão explicando a trama aos poucos. 

Pra não dizer que achei o filme perfeito, acho que algumas coisas ficaram soltas na história. Por exemplo, o personagem Daniel, ex-namorado de Lisa, aparece muito pouco. Na cena deletada constante dos extras do DVD, tem uma cena com ele que bem que poderia ter sido utilizada na versão oficial do filme. Também achei meio confuso o tempo do filme. Não me refiro às idas e vindas no tempo. Mas é que dois anos é tempo demais para eles ficarem distantes. Mas tudo bem. Às vezes o tempo passa tão rápido que a gente nem sente, né? 

A trilha sonora do filme é uma atração à parte. A canção que encerra o filme é a lindíssima "The Scientist", do Coldplay. Entre outros nomes mais conhecidos na trilha dá pra citar os Stereophonics, The Shins e Mogwai, mas a maioria é de artistas desconhecidos mesmo. 

Estou com outro filme do diretor Paul McGuigan gravado aqui comigo. Chama-se OS GÂNGSTERS (2000) e traz Malcom McDowell e Paul Bettany num filme sobre a máfia inglesa. Está disponível em vídeo. Outro filme do diretor disponível no Brasil é UM CRIME DE PAIXÃO (2002), também com Paul Bettany.

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