Existem duas coisas que justificam a ida ao cinema para ver A INTÉRPRETE (2005), de Sydney Pollack: a primeira delas, e mais importante, é Nicole Kidman; a segunda, o fato de o filme ter sido filmado na ONU, coisa inédita até hoje. Nem Hitchcock tinha conseguido, quando tentava filmar lá na época de INTRIGA INTERNACIONAL. Mas a locação na sede das Nações Unidas não passa de uma curiosidade e não conta tantos pontos assim para o filme.
Já Nicole Kidman, ela é uma das melhores atrizes em atividade em Hollywood. Ela esteve espetacular em REENCARNAÇÃO, de Jonathan Glazer. E faz o que pode pra manter o nível nesse A INTÉRPRETE, que tem entre seus melhores momentos os closes no belo rosto da protagonista. Quanto a Sean Penn, tem-se a impressão que ele está no filme apenas para pagar as contas. Ele teve uma química bem melhor com Naomi Watts em 21 GRAMAS, mas isso deve ter algo a ver com o tipo de papel também.
O diretor Sydney Pollack já está famoso por fazer filmes mornos e tediosos. Pelo menos dos anos 80 pra cá. Talvez por isso ele tenha preferido atuar mais como produtor que como diretor. Pra falar a verdade, o único filme que eu realmente gostei dele foi MAIS FORTE QUE A VINGANÇA (1972), um climático western estrelado por Robert Redford.
Nesse novo filme, Nicole Kidman trabalha como intérprete na ONU e é testemunha de uma trama de assassinatos políticos envolvendo líderes de um país africano. Sean Penn é o agente do FBI contratado para protegê-la e investigar o caso. O problema é que ele começa a suspeitar que ela tem ligações com o caso. Um dos destaques do filme é justamente essa suspeita, quase hitchcockiana. Nós como espectadores, inicialmente acreditamos na neutralidade da personagem, mas à medida que vamos obtendo mais informações sobre a ligação dela com o país, passamos a suspeitar também, mas sem nunca perder a simpatia por ela.
No fim das contas, mesmo com algumas boas cenas de suspense, como a cena do ônibus, que lembra SABOTAGEM, de Hitchcock, o filme é só mais um thriller sem muito valor e que deve ser visto sem maiores expectativas. E por que diabos todo filme americano com algo a ver com a África tem que ter aquelas músicas africanas na trilha sonora? Isso já está ficando manjado.
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